Opinião

Sem aeroporto de cargas, polo logístico não decola

Diário da Manhã

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 02:38 | Atualizado há 8 anos

Anápolis depende da participação emergencial de suas autoridades e lideranças na luta pela consolidação, nos próximos quatro anos, de macro projetos estruturantes e convergentes à projeção otimista do seu perfil econômico, demográfico e social, em 2020. Sem o advento do Aeroporto Internacional de Cargas, articulado com a Plataforma Logística Multimodal, o Pólo Logístico de Anápolis não vai decolar. Tampouco a economia do Município.

Anápolis tem data marcada para superar demandas estruturais como a falta de uma política agressiva de atração de investimentos, a partir da ampliação e revitalização do Daia e implantação de distritos industriais público privados. O principal ingrediente para o aquecimento da economia do Município, todavia, será a manutenção dos incentivos fiscais implementados pelo Governo do Estado no final da década de 1990. Na opinião de analistas e líderes de entidades do setor produtivo sem os benefícios do programa Produzir indústrias como a Ambev, a Hyundai, a Hypermarcas, a Teuto, Granol, a Hering e tantas outras irão embora.

A bordo da queda do crescimento do PIB local, por cinco anos consecutivos, e da crise econômica que assola o País, o pior está por vir. Nas duas últimas décadas tudo conspirou a favor de Anápolis, que em maio de 2010 ocupou o segundo lugar em arrecadação de impostos federais no Centro-Oeste e Tocantins, atrás apenas de Brasília, e na frente de Goiânia, Campo Grande Cuiabá e Palmas. O Cenário de alerta geral não pode ser debitado à conjuntura da economia do País porque outros municípios continuam crescendo.

Apostar todas as suas fichas na consolidação do Pólo Logístico é o melhor caminho para o futuro de Anápolis, mas é preciso ter pressa, pois Brasília está construindo no sítio do Aeroporto JK um moderno e gigantesco Self-Storage com 85 mil m² destinado ao armazenamento de cargas com tecnologia para comportar diferentes tipos de mercadorias de alto valor agregado. Com área 10 vezes maior que o Estádio Maracanã e 13 mil empregos, o complexo pode inibir a consolidação do hub de Anápolis ou até mesmo colocar obstáculos à conclusão do Aeroporto Internacional de Cargas. Enquanto isso, Planaltina está mobilizada para tirar do papel o projeto “Cidade Aeroportuária” que prevê a implantação de um terminal de cargas e de passageiros, com vôos internacionais, um complexo industrial voltado para a exportação e um centro logístico multimodal.

Com a operação dos modais rodoviário, ferroviário e aeroviário, articulados com a Plataforma Logística Multimodal e o Porto Seco Centro Oeste, integrados com o Pólo Industrial e o Pólo Farmacêutico e interligados com a ZPE e o CD – Centro de Distribuição, tudo junto, Anápolis poderia impulsionar a sua economia com toda força e irradiar desenvolvimento acelerado mesmo em tempos de crise. Algo parecido com o que acontece nos Municípios de economia focada na exportação e no agronegócio.

A plena inserção do Município no processo de desconcentração da atividade industrial para pólos regionais, como o corredor Goiânia-Anápolis-Brasília, com seu potencial logístico, poderá resultar numa grande alteração em suas estruturas produtivas, na geração de dezenas de milhares de empregos na atividade industrial e em serviços de apoio à indústria.

Nesta perspectiva, Anápolis sonha alcançar destaque na economia nacional, como pólo logístico e tecnológico de excelência, e projeção no mercado internacional, como expressivo centro de importação e exportação, sem perder o foco no urbanismo, na sustentabilidade e na qualidade de vida.

No início da década de 1971, ainda sob o efeito positivo da instalação da Base Aérea, Anápolis consolidou o distrito industrial e fugiu do estigma de cidade dormitório. Na virada do século ingressou no mercado internacional através do Porto Seco e agora tem tudo para tornar realidade o Pólo Logístico, um projeto único no Brasil, absolutamente viável e ao mesmo tempo de alta complexidade.

Sob o risco da estagnação, a política e a geopolítica, mais do que nunca, irão influenciar o desenvolvimento do Município na cruzada histórica dos próximos anos. As comemorações dos 109 anos de emancipação ensejam a busca do sonho ameaçado e a consciência de que Anápolis não pode perder para ela mesma a batalha na encruzilhada do futuro.

 

Manoel Vanderic, jornalista

 

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