Opinião

Senhor doutor e professor Américo Gonçalves Faleiro, amigo de Firminópolis

Diário da Manhã

Publicado em 18 de fevereiro de 2016 às 23:11 | Atualizado há 9 anos

Todo herói morre de pé em pleno vigor de sua idade. É o que nos tem mostrado a história através dos tempos. E talvez por uma predestinação em uma terça-feira de carnaval (07 de fevereiro de 1978), às primeiras horas do dia, baixa-se o luto em toda Firminópolis,cidade do Mato Grosso Goiano. Chegava em todos os quadrantes a notícia do falecimento do profº Américo Gonçalves Faleiro, ele que sempre ostentava sorriso nos lábios, agora era notícia de tristeza em todos os lares de uma vasta região deste Estado.

Morreu o homem fé, o homem paz, o homem esperança, deixando consternados não só o seu vasto círculo de amigos, como ex-alunos civis e militares, espalhados em quase todos os recantos da pátria; vítima que foi, de tétano provocado por um prego.

 

Quem era – de onde veio

Américo Gonçalves Faleiro ou profº Américo como gostava de ser tratado era natural de Bambuí-MG. e goiano de coração, mais precisamente firminopolino,em cujo solo passou grande parte de sua curta existência.

Pertencente às fileiras da gloriosa Polícia Militar do Estado de Goiás, Américo Faleiro, com brilhantismo alcançou oficialato com a patente de capitão-dentista; exercendo o magistério, por algum tempo na Academia Militar da PM-GO. e em vários colégios e cursos na Capital do Estado de Goiás.

Terminando o curso de filosofia (ciências naturais e geografia), bacharelou-se em ciências jurídicas, tornando-se pouco tempo depois, um dos grandes causídicos que este Estado produziu; sempre na defesa do fraco e do injustiçado fazendo com que, seu trabalho fosse rapidamente reconhecido e, devidamente valorizado perante a gente que o acolheu.

 

Idealismo e trabalho

Com vários diplomas universitários conquistados com brilhantismo e firme ideal, Américo Faleiro rumou-se para o Mato Grosso Goiano, radicalizando-se na cidade de Firminópolis, onde instala uma banca de advocacia e, ao lado de vários amigos, foi o responsável direto pela fundação do primeiro ginásio da região, de propiedade da Cneg, posteriomente encampado pelo Estado; época em que fruto do mesmo grupo, ali também funcionava regularmente o curso normal, de contabilidade e o colégio agrícola, atendendo as necessidades dos municípios circunvizinhos, também recebia a colaboração de professores, juíizes de direito, promotores de justiça e funcionários graduados, suprindo assim as deficiências de época. O transporte de profesores e até mesmo de alunos, era feito pelo próprio  diretor do estabelecimento(Américo Faleiro), juntamente com seu amigo fraternal, sr. Aldorando Alves Machado.

O primeiro Jardim de Infância que a cidade conheceu teve a participação direta do “gigante do ensino”; no entanto, o seu espírito de educador não para por aí, mesmo injustiçado por picuinhas políticas, ao morrer, deixou um vasto trabalho em pról da criação da Faculdade de Filosofia de São Luiz dos Montes Belos.

Antes mesmo da implantação do Mobral (1964), em parceria com seus próprios alunos, fundou e manteve uma escola onde se alfabetizaram centenas de adultos, advindos de toda região, com professores treinados pelo curso”Omega”, em Goiânia-GO.

Ao assumir a Prefeitura Municipal de Firminópolis, tinha como slogan: “Firminópolis, o município da instrução”. E sem sombra de dúvidas,foi o período em que mais se construiram escolas e nomearam-se professores.

Como legislador, Américo Faleiro teve trabalho atuante na Câmara Municipal  Firminopolina, cujos frutos continuarão a ser colhidos por longo tempo, justificando sua grande inteligência a serviço de sua gente, em três legislaturas consecutivas, e um saudoso período como chefe do Poder Executivo Municipal.

Como militar  foi um exemplo dentro e fora da corporação, orgulho do “soldado”fiel e disciplinado que teve. O odontólogo cuidadoso que soube honrar a digna Ordem que o acolheu. Filho amável e professor paternal, deixando um imenso vazio entre aqueles os quais tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Ao chegar em Firminópolis, o professor Américo perguntou a várias pessoas, qual é o cidadão que tem mais prestígio, mais amizade em Firminópolis? E por unanimidade as pessoas responderam sem pestanejar, é o sr. Aldorando Alves Machado. Rapidamente o dr. Américo fez amizade com o sr.Aldorando, meu prestimoso pai e, como o meu pai conhecia toda a população firminopolina o dr. Américo também tornou-se amigo de todos, tanto os da cidade como os da zona rural.

Durante a semana, de segunda à sexta feira, meu pai, o dr. Américo e eu ainda criança,  saíamos para as fazendas pedindo vacas, bois, bezerros e bezerras para realizarmos os leilões no sítio do sr.João Silvestre de Moraes, sempre aos sábados. Nenhum fazendeiro negou, eles confiavam no sr.Aldorando. Todo dinheiro arrecadado era para construir o colégio, a igreja católica, o parque da pecuária e para toda e qualquer necessidade do município.

Através do sr. Aldorando, o dr. Américo fez amizade com pessoas valorosas de Firminópolis, tais como: Laerte Ponciano dos Passos, Arísio Morato, Diongue Batista Cordeiro, Oscar Moreira, João Silvestre de Moraes, José de Paula Pedrosa, Jovelino Osório de Souza, Vânio Medeiros de Melo, Juarês Gomes Cardoso, Manuel Firmino, Antônio Fernandes de Lima, Dirceu e seu filho dr. Dadir, Leandro Pereira Ramos, Isaias e Silva, Antônio Cardoso do Carmo, João de Brito, Waldemar Martins da Costa, Familia Borges Naves, familia Tavares, familia Prego, família Binduca e, enfim, aos firminopolinos em geral que participaram daqueles mutirões frutíferos que fizeram não só de Firminópolis, mas sim, de toda região do Mato Grosso Goiano uma evolução extraordinária, mesmo porque, quando a educação chega em um determinado local a ingnorância tende  a ser destruída.

Obrigado sr. professor Américo, obrigado sr.Aldorando, obrigado a todos que contribuíram de uma ou outra forma com aquele trabalho admirável, inesquecível, todo ele levado a efeito com fé, esperança e amor. Da forma pela qual Jesus Cristo disse: “Não vim para ser servido, mais para servir”.

Os agradecimentos sinceros não são só dos firminopolinos, mas, sim, de toda a população do Mato Grosso Goiano. Essa é a verdade, a mais cristalina de todas as verdades.

 

(Hamilton Alves Machado, pastor, professor, advogado, articulista e teólogo, com mestrado em teologia)

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