Opinião

Senhores deputados, não usem o santo nome de Deus em vão

Diário da Manhã

Publicado em 21 de abril de 2016 às 01:46 | Atualizado há 9 anos

O artigo de hoje é um desabafo, confesso que nunca vi tanta demagogia reunida em um lugar só, o dia 17 de abril de 2016, domingo não vai sair da cabeça e do estomago dos cidadãos de bem que mantem as falcatruas de políticos corruptos, hipócritas e demagogos.

O mais engraçado, é que a grande maioria, ao votar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, utilizavam descaradamente o nome de Deus, mais ou menos assim: “Em nome de Deus, voto sim.”

Estou estarrecida, com a baderna instalada, estou indignada com a falta de bom senso, de pudor dos representantes do povo brasileiro, são poucos que mantem a classe, que dão valor ao voto que cada um que depositou nas urnas.

Importante ressaltar que, o debate público não comporta o pensamento religioso, pois questões de convicção pessoal não podem servir como baliza para decisões que envolvem toda uma sociedade – que inclui também ateus, agnósticos e pessoas das mais diversas religiões, o Estado brasileiro é laico.

Dessa forma, como a maioria dos países do mundo, não tem uma religião oficial e garante constitucionalmente a liberdade de credo para todos os seus cidadãos. A liberdade é fator preponderante, afinal, temos a questão da liberdade individual, bastante discutida e pouco aplicada.

A Câmara dos Deputados discursou, apresentou um teatro do horror, com festa, choro, cuspe, apologia à guerra, foi autorizada a abertura de processo de impeachment contra a atual Presidente. Ressalto que não sou petista, muito menos advogada da presidenta, mas assistir a este circo, foi desgastante e decepcionante.

Expor legalmente os fatos, discutir, debater, apresentar soluções é dever dos deputados eleitos e funcionários do povo, mas brincar com o nome de Deus é inadmissível para qualquer cidadão que tem fé.

O debate público não comporta o pensamento religioso, pois questões de convicção pessoal não podem servir como baliza para decisões coletivas, frisa-se espíritas, evangélicos, católicos, umbandistas, budistas, candomblecistas, judaismo e pessoas das mais diversas religiões.

O Brasil precisa ser passado a limpo, acredito que o respeito ao povo brasileiro será atendido (um dia) e vamos seguir no desenvolvimento sócio econômico (quem sabe). Dia histórico no País, onde a verdade não prevaleceu, a insegurança jurídica se instaurou e foi  aplicada a vontade política  escrota e vadia.

Estou com náuseas, por lembrar dos votos sarcásticos, negociados e as brincadeiras com Deus que salvou a todos, eu e você, sou da opinião que política e religião não devem se misturar.

O argumento religioso não pode entrar no debate público. As razões sempre devem ser de ordem pública, e não individual, cada um tem o direito de ter sua religião e a vida pública sem negociar ovelhas.

Fica registrado, a profunda decepção com o Câmara Federal e nós podemos mudar esta realidade, nas urnas. Senhores deputados, quase todos, respeitem o povo brasileiro, vocês são nossos funcionários.

Afinal, não brinquem com Deus, a mão D’ele pesa, e lembrem-se: Nobres pares que votam pelos seus filhos, suas mães, suas netas, seus genros, deixam claro para nós sociedade a quem pertencem seus mandatos, porque ao que me consta só a família e amigos não os elegem, chega de deboche.

Caros amigos, passem a desconfiar de políticos que usam a religião, igrejas para se elegerem, fica a dica para 2016.

 

(Lorena Ayres , advogada, articulista e comendadora)

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