Solidariedade e esperança
Diário da Manhã
Publicado em 23 de dezembro de 2017 às 23:53 | Atualizado há 7 anosMais uma vez vivemos o período natalino, durante o qual ganham forças nas pessoas os sentimentos mais humanitários, especialmente a solidariedade. Segue-se, no nosso calendário, o ano novo, juntando, em todos nós, dois sentimentos. Primeiro o Natal, inspirando a solidariedade, e, o segundo, a representação da esperança que se renova.
Seja qual for o credo religioso, a coloração política e/ou a formação acadêmica, a classe social, não há como não reconhecer que o Natal tem a sua importância na construção de um mundo mais humano e consciente da necessidade de uma ajuda aos mais necessitados.
O Natal, que simboliza no cristianismo o nascimento de Jesus Cristo, é celebrado há mais de 1600 anos no dia 25 de dezembro. O dia 25 foi estipulado pela Igreja Católica no ano de 350 (século IV), através do Papa Júlio I, sendo mais tarde oficializado como feriado.
A Bíblia, em si, nada diz sobre o dia exato em que Jesus nasceu. Por isso, o Natal não fazia parte das tradições cristãs. Mas a data começou a ser celebrada para a substituir a festa pagã chamada Saturnália, que por tradição acontecia entre os dias 17 e 25 de dezembro. A comemoração do Natal passou a ocorrer em substituição a essa celebração com o objetivo de facilitar a aceitação do cristianismo entre os pagãos.
Dentre os símbolos de Natal, o mais destacado é a árvore de Natal que, no Brasil, normalmente, é representada por um pinheiro. Dentre as versões sobre a associação da árvore ao Natal, uma delas é que o formato triangular do pinheiro representa a Santíssima Trindade. O costume de enfeitar as árvores de Natal surgiu em 1510, em Riga, na Letônia. Mais tarde um pouco, com a influência de Martinho Lutero, o costume foi adotado em 1539, em Estrasburgo, na Alemanha. Aqui, na América Latina, essa tradição teve início no século XX, por influência espanhola.
Após a celebração da Páscoa, a comemoração mais venerada é certamente o Natal, que é encarado, universalmente, por pessoas de credos diversos, como o dia consagrado à reunião da família, à paz, à fraternidade e à solidariedade.
Pelo menos as aparências indicam que um sentimento de solidariedade invade os corações, doações são feitas, reconciliações se concretizam e desejos de paz e felicidade ecoam em meio a músicas angelicais. Os necessitados são mais lembrados e, com proximidade de mais uma virada do ano, promessas de uma nova vida são feitas. É como se a maldade deixasse de existir, pois a amor é manifestado em cada gesto e refletido em cada semblante.
Um dia após a data natalina, tudo volta à normalidade: os miseráveis deixam de ser olhados, as promessas são esquecidas e, como num passe de mágica, deixamos de lado a essência do amor.
Contudo, seria importante que as pessoas agissem assim durante todo o ano, deixando predominar os sentimentos de solidariedade e amor ao próximo, manifestando-se sem hipocrisia.
Evidentemente que, nesse clima de harmonia, todos pensamos num mundo onde não houvesse violência, as desigualdades desaparecessem, não houvessem guerras. Enfim, um mundo de paz e amor, em que cada um faça a sua parte, a começar por nós.
Certamente foi inspirado num sonho de durabilidade maior do clima natalino que o grupo Roupa Nova compôs a música com o título “Natal todo dia” e em um dos versos escreveu: “Se a gente é capaz de espalhar alegria / Se a gente é capaz de toda essa magia / Eu tenho certeza que a gente podia / Fazer com que fosse Natal todo dia”.
Pois é em função de um Goiás melhor todos os dias e, por consequência, de um Brasil melhor não apenas esporadicamente, que a atividade política deve ser exercida com transparência, com responsabilidade e com larga visão de políticas públicas consequentes, que resultem em vida melhor para toda a nossa população. Em todos os dias de cada ano!
Neste final de 2017 vamos comemorar o Natal de um ano que foi extremamente violento: um ambiente belicoso entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos paira, literalmente, com os experimentos de bombas atômicas cruzando os ares da Ásia, sobre as nossas cabeças; os acontecimentos políticos aqui no Brasil nos mantiveram em sobressalto constante; ataques terroristas, para nós sempre inexplicáveis, matam milhares de pessoas ao redor do mundo; internamente, no Brasil, vivemos ainda as consequências de uma crise econômica sem paralelo. Não só neste final de ano, mas sempre, cresce em mim a certeza de que fazer política é pensar em cada dia e em todos os dias.
Ao dirigir-me à população de Goiás com essa meditação, reitero meus votos de que, em 2018, estejamos cada vez mais próximos de uma sociedade equilibrada política, econômica e socialmente. Boas festas de fim de ano para todo o nosso povo.
(Lúcia Vânia é Senadora da República, presidente da Comissão de Educação do Senado e jornalista)
]]>