Táxi ou Uber: qual a sua preferência?
Diário da Manhã
Publicado em 19 de abril de 2016 às 03:24 | Atualizado há 9 anosAssisti recentemente, na cidade do Rio de Janeiro, a uma manifestação enorme dos taxistas, que se sentem lesados pelo novo serviço oferecido para a mobilidade, pelo aplicativo Uber, conhecido no mundo como “carona remunerada”. A mesma contrariedade acompanhamos nas imediações dos aeroportos de São Paulo e, agora, uma onda de descontentamento em Goiânia.
Há os que ainda desconfiam do novo serviço, principalmente por termos que cadastrar previamente o nosso cartão de crédito, o que gera desconfiança a muitos, diante deste país, cuja a malandragem nos prega constantes surpresas. No meu caso, preferi confiar e achei uma praticidade enorme, principalmente, pelo troco que faltava, pelo cartão que não passava e pelos vários constrangimentos que tinha.
Outro ponto de insegurança, que alegam alguns, é quanto a não sabermos quem nos conduz, sendo que para aos taxistas exigem-se a licença da prefeitura, a triagem das autoridades e a prova, por atestados, de bons antecedentes. Para o ingresso no Uber também não é diferente, exceto as permissões da prefeitura.
A Constituição Brasileira, salvaguarda as liberdades de iniciativa em seu artigo 1º., inciso IV; no artigo 170, inciso IV (o da concorrência) e no artigo 5º, inciso XIII. Isto evidencia que o transporte individual no Brasil não pode ser objeto de monopólio, podendo ser exercido por quem desejar se lançar a tal atividade, incluindo nela o serviço do Uber.
A Lei Federal 12.965 de 2014, conhecida como Marco Civil da Internet no Brasil, também é outra garantia frente à legalidade do serviço, mais precisamente no seu artigo 3º., inciso VIII. É preciso lembrar que esse é um serviço individual e privado, não havendo ilegalidade em praticá-lo.
Toda concorrência gera polêmica, principalmente por um segmento que sofre com o descaso do poder público pela falta de fiscalização e vistas grossas ante às permissões que são dadas e negociadas posteriormente, em acordos informais, a preços que variam de regiões e seus respectivos pontos – isto é inegável.
Não quero aqui dizer que este ou aquele possua mais de uma dezena de permissões para explorar o serviço de táxi, pois não há essa possibilidade legal junto à prefeitura. Mas é indubitável que alguns controlam várias dessas permissões, usando terceiros. A comprovação dessa verdade configura na pessoa do “curiango”, pseudônimo dado aquele que não é dono da permissão, mas que paga para usá-la, com valores de diárias que podem chegar até duzentos reais.
Negar que há um monopólio nesta exploração é querer tapar o sol com peneira. Isso ocorre não só em nossa capital, mas em todo o país. Existe um corporativismo forte, uma proteção política inegável e uma ardilosa exploração a inúmeros trabalhadores que sofrem para obter algum lucro, além do valor que tem que pagar para a agiotagem das permissões.
O curiango é um trabalhador que sofre, trabalha até 24 horas num dia e quase todos são revoltados por terem que pagar para trabalhar, dependendo do dia. Para conhecê-los, pergunte a quem o atende no táxi – garanto que o leitor se surpreenderá com o número deles.
As tarifas da livre concorrência entre o Uber e os táxis tem levado usuários a aderirem à nova opção de transporte, que proporciona tratamento diferenciado ao cliente, tendo sempre água gelada e balinhas, além é claro, de um tratamento vip.
Estou acompanhando muitas discussões, manifestações e até atos de violência em outros estados; e muito pouca ou nenhuma atenção a quem realmente interessa: os usuários. O que estarão eles achando de um ou de outro?
O que o cliente procura é conciliar preço com o bom atendimento, o que para alguns taxistas, por várias razões, estão impedidos de praticar, principalmente por não serem donos dos veículos em que trabalham. Vários deles trazem seus carros impecavelmente limpos, são cordiais e nada deixam a desejar. Não estou aqui para denegrir e nem menosprezar os taxistas, a quem muito respeito.
Se para os taxistas há encargos com as Cooperativas (uso da bandeira) e Sindicatos, existem vários incentivos fiscais (isenção de IPI e desconto no IPVA) e até mesmo de trafegabilidade, no uso de faixas exclusivas para ônibus – coisas que não existem para os Uber.
Pesa a favor do proprietário do veículo cadastrado no Uber a flexibilidade de horário de trabalho. Já andei com diversos motoristas, muitos deles trabalhadores de diversos segmentos: estudantes universitários e aposentados – todos procurando um complemento de rendas, pois sentem o peso da inflação mascarada pelo governo e pela crise econômica que há muito tem se tornado o maior pesadelo dos brasileiros. Hoje mesmo, fui o primeiro passageiro de um que está vendendo sua academia por falta de alunos, diante desta crise cruel que nos massacra.
Em toda boa concorrência quem ganha é o cliente. A cobrança das taxas diárias dos táxis já tem caído, segundo me informou um curiango. Que elas despenquem cada vez mais, pois assim daremos oportunidade a quem tem pago para trabalhar.
Opto pela livre concorrência e melhor serviço ofertado. Não desmereço nem um, nem outro – mas fico com aquele que me oferece o melhor preço e comodidade, sendo esta escolha um legítimo direito meu.
Todo cliente gosta de ser bem tratado; de ser diferenciado; de poder escolher o que deseja usar. Por isto, no momento: vou de Uber.
(Cleverlan Antônio do Vale, graduado em Gestão Pública, Administração de Empresas, pós-graduado em Políticas Públicas e Docência Universitária, doutorando em economia, articulista do DM – [email protected])
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