Temer na presidência é uma ofensa histórica
Diário da Manhã
Publicado em 30 de junho de 2017 às 00:18 | Atualizado há 8 anosA quem compulsa uma dezena de recentes exemplares da Folha de São Paulo é dado verificar por algumas manchetes que a situação moral do Sr. Michel Temer é lastimável. Alguns dos títulos do grande jornal paulista: Corretor acusa Temer e diz que pagou a aliados, PF conclui que houve corrupção no caso Temer, Mala com propina será base de denúncia contra Temer, PF envia a temer 84 questões na véspera do julgamento do TSE, Janot fala em confissão de Temer e quer interroga-lo, Janot vê indícios em três crimes em atuação de Michel Temer, “Não renuncio; se quiserem, me derrubem” afirma Temer. Muitos outros títulos jornalísticos demonstram quão precária é a situação daquele que, detentor da vice-presidência em consequência da coligação PT-PMDB nas eleições de 2010 e 2014 , se tornou presidente com o golpe civil de 2016.
Uma das provas mais contundentes contra o atual detentor da presidência da República é a conclusão da Polícia Federal relativa à alegação de Temer que houvera alteração por parte de Joesley Batista da gravação que compromete profundamente o presidente no caso em que se evidencia seu comportamento protetor de Eduardo Cunha. A conclusão pericial da PF é no sentido de falsidade na declaração de Temer. Fato gravíssimo, portanto. Apesar do esperneio “presidencial” a Procuradoria Geral da República encaminhou denúncia contra Temer ao Supremo Tribunal Federal em que o acusa fortemente de corrupção passiva. Os episódios referentes à desoladora caudal da ação corrupta e corruptora de grande número dos fautores do golpe civil de 2016, se revestem de nuances que entristecem o povo brasileiro. Pois até no judiciário ocorrem comportamentos inimagináveis em tempos pretéritos. É o caso do Sr. Gilmar Mendes, que atua de forma facciosa, sempre a favorecer o tucanato e outros setores responsáveis pelo golpe civil de 2016 – entre os quais o Sr. Michel Temer – e a prejudicar quantos estejam no lado adversário desses setores. Já no tempo do ministro Joaquim Barbosa na presidência do STF a ação sempre parcial de Gilmar Mendes (favorecedor, entre outros casos de Daniel Dantas e Paulo Maluf) recebeu fortíssima condenação daquele presidente da mais alta corte de Justiça. O ministro Joaquim Barbosa, dirigindo-se a Gilmar Mendes chegou a exclamar: “é preciso ouvir a voz das ruas, Sr. ministro”, numa clara acusação de que as decisões do seu colega despertavam condenação da opinião pública. Na última semana Gilmar Mendes desempatou decisão do Supremo, gerando votação de 4 a 3 em desfavor da denúncia contra o Sr. Michel Temer no processo por crime eleitoral que lhe foi movido pela PGR perante o Tribunal Superior Eleitoral. Gilmar Mendes é, indisfarçadamente um defensor da antidemocracia que avassala a política brasileira.
Michel Temer poderá ter o seu afastamento da presidência da República inviabilizado pela Câmara dos Deputados. Afinal segundo noticiário divulgado na internet, existem “o que já registrei em artigos anteriores” duzentos e oitenta e seis parlamentares daquela Casa processados criminalmente. Tudo que é antidemocrático e imoral se pode esperar de um colegiado em tais condições.
(Eurico Barbosa, escritor, membro da AGL e da Associação Nacional de Escritores, advogado, jornalista e escreve neste jornal às quartas & sextas-feiras – E-mail: eurico_barbosa@hotmail.com)
]]>