Uber, táxi e globalização
Diário da Manhã
Publicado em 23 de agosto de 2016 às 02:19 | Atualizado há 8 anosEm uma sexta-feira qualquer, aciono o Uber pelo celular. Acompanho o trajeto do veículo que chega em exatos 5 minutos pós minha solicitação. Entro num carro conduzido por um motorista muito educado. No final do trajeto, com a corrida previamente paga por meio de cartão de crédito, avalio meu condutor com a nota máxima. A corrida do centro até a minha residência foi de exatos R$ 8,00.
Dias depois, repito o mesmo trajeto num táxi. Do telefonema que dei à central até a chegada do veículo passaram-se exatos 15 minutos. Entro num carro já antigo, cujo motorista trabalha para o dono do carro que, como ele disse, “tem mais quatro veículos na praça”. Percebi certo mau humor do condutor no trajeto. Falante como sou, preferi ficar, por respeito a ele, mais calado. No fim do trajeto, paguei a corrida que ficou em R$ 18,00. Detalhe: o trajeto foi idêntico ao da sexta-feira em que usei o Uber.
Uber ou táxi? Eis a questão mais discutida quando se trata de transporte público. Pessoalmente, presenciei gigantescas manifestações contra o Uber nas principais praças do mundo: Londres, Paris ou Nova York; a revolta dos taxistas é imensa ante a considerável perda de mercado que vêm tendo.
A vantagem do Uber sobre seu competidor direto se deve ao fato desse se atrelar aos valores inerentes ao mundo globalizado e sua principal ferramenta: a internet.
A internet proporciona enormes ganhos de produtividade, ganhos esses que o Uber reparte com o cliente mediante o principal sinalizador para este: o preço. A corrida desse aplicativo se torna mais barata pelo fato de a estrutura desse aplicativo não possuir custos fixos como tem o táxi com a central de radiotáxi. Ademais, o Uber impõe carros novos e limpos – e lógico: torna possível que os clientes avaliem seus condutores. Motoristas mal-educados não permanecem no Uber!
A administração como ciência nos ensina que as empresas precisam mudar devido às novas realidades que as circundam. A nova realidade para os táxis foi a sociedade em rede e sua face mais visível para eles: o Uber. Com uma estrutura que coloca a empresa “dentro” de um celular, o Uber se torna tão ágil para atender os clientes como a velocidade do pensamento. Com certeza, os táxis terão de reavaliar seus conceitos para não morrerem como prestadores de serviço.
(Salatiel Soares Correia, engenheiro, bacharel em Administração de Empresas, mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, de Cheiro de Biblioteca)
]]>