Uber, uma das maiores conquistas do transporte de passageiros
Diário da Manhã
Publicado em 4 de agosto de 2018 às 22:30 | Atualizado há 6 anosNa semana passada, tive uma surpresa, quando, ao tomar um táxi da Uber, estava ao volante uma simpática morena, muito educada e boa de papo chamada Maria Lúcia Neres, com quem vim conversando, e fiquei sabendo, através dela, que existem mais de duzentas colegas do sexo feminino, num universo de mais de dez mil, ganhando o pão de cada dia atrás do volante na Uber. E na semana seguinte, novamente fui agraciado com a presença feminina de uma bela loura, a Miriam Borges, que muito expansiva, disse que a Uber é uma das mais felizes invenções de hoje. Ela que está se dando tão bem com a nova atividade, que decidiu abandonar a profissão de consultora de mercado financeiro, e disse uma coisa que para mim foi uma feliz novidade: já existe um movimento no sentido de se criar um aplicativo paralelo para requisitar exclusivamente motoristas femininas (que já existe em São Paulo), pois principalmente as mães preferem mulheres para levar e buscar os filhos nas escolas e nas baladas, porque as mulheres têm mais jeito que os homens. Não que eu faça mau preceito dos taxistas tradicionais, que prestavam um bom serviço, mas, talvez por falta de concorrência, notamos que muitos passaram a “fazer corpo mole”, sentindo-se importantes demais.
Por um acaso, durante uma corrida despretensiosa, conheci o amigo Francisco das Chagas Caetano, e depois a cada corrida, mais motoristas da Uber passaram a encompridar a lista: José Carlos Paz Adriano, Antônio Bezerra, Adelson Marques, Cosme, Cecilio, Elcival, Orlando, Sebastião Alves, uma imensa turma de gente boa que coube perfeitamente no embornal de minhas amizades. Apesar de estarmos há pouco tempo num contato quase que diário, o Caetano, por exemplo, já me trata de “irmão”, por conta de ambos pertencermos à ordem maçônica.
Nestes sete anos em que vivo em Goiânia, é natural que tenha conhecido gente de tudo quanto é lugar e acabei fazendo amizades que hoje se tornaram caras, como se nos conhecêssemos há décadas, o que é o caso da turma da Uber.
Mas para satisfazer a curiosidade dos leitores, devo dizer que vem a ser “Uber”.
Os criadores do aplicativo batizaram-no como “Ubercab”. Como se sabe, “cab” significa “táxi”, e “uber”, significa ”super”. Portanto, “Ubercab” em português seria algo como “Supertáxi”. A ideia dos fundadores era oferecer, por meio do aplicativo, um serviço de transporte que estava acima da qualidade do mesmo serviço oferecido pelos táxis convencionais. E acertaram “na mosca”.
A Uber é uma empresa de tecnologia que está transformando a maneira como as pessoas se movimentam pelas cidades. Ao conectar, de forma simples, motoristas parceiros e usuários através do aplicativo, ajudam a deixar cidades mais acessíveis, oferecendo mais opções para usuários e mais oportunidades de negócios para motoristas parceiros.
A ideia de se criar uma empresa de táxi sem precisar de imobilizar capital com a aquisição de carros surgiu em 2009, quando Garett Camp e Travis Kalanick participavam de uma conferência na França. Após o evento, ao precisarem retornar para o hotel, encontraram dificuldade para encontrar um táxi, outro transporte público e até mesmo um motorista particular. Foi então que pensaram que seria incrível poder, a um toque no celular, contratar o serviço de um motorista particular. O objetivo era facilitar e inovar a forma pela qual as pessoas se locomovem pelas cidades, inicialmente em São Francisco (EUA), utilizando-se de veículos sedã.
A criação dessa modalidade de transporte individual supera em comodidade e preço as vantagens do táxi convencional e substitui os métodos tradicionais para se chamar táxis, como ligações telefônicas ou simplesmente esperar ou ir em busca de um táxi na rua. A Uber veio trazer comodidade, como a facilidade no pagamento: no momento em que o cliente pede o transporte através da Uber pelo celular, através do cartão de crédito no aplicativo, não necessitando de máquinas leitoras sem fio no táxi. Enquanto empresas de táxi tradicionais não possuem informações precisas e em tempo real da localização de seus funcionários, a Uber permite que o aplicativo tenha informações de GPS em tempo real. Assim, chama-se automaticamente o carro mais próximo, reduzindo o tempo de espera, e – melhor ainda – .por um preço inferior ao do táxi convencional.
Os custos de se manter um aplicativo são muito menores que os de se manter uma empresa tradicional de táxi, possibilitando grande redução nos preços cobrados.
Para se ter um táxi registrado e funcionando na praça, existe uma série de barreiras, como a excessiva burocracia e a aquisição da concessão, que hoje ultrapassa a casa dos cem mil reais, fazendo com que empresários inescrupulosos comprem várias e montem uma empresa para explorar o negócio, que, atualmente, lhe rende mais de 200 reais livres ao dia em cada carro, já descontados o combustível e a comissão do motorista.
Com a chegada da Uber, abriu-se uma nova perspectiva no mercado de trabalho: quem tem um tempo ocioso e dispuser de um carro de passeio pode ganhar seu dinheiro, bastando cadastrar-se na Uber e passar a trabalhar, tendo seu meio de vida honesto, sem horário pré-estabelecido, sem patrão nem empregado. Acresça-se a isto o relevante alcance social, pois só em Goiânia seu número é cerca de três vezes o dos taxistas comuns, atenuando o desemprego.
Com a chegada da Uber, o mercado tradicional do táxi sofreu um baque, pois a novidade veio com melhorias: com o uso de um celular e o registro de um cartão crédito no aplicativo o passageiro pede o carro, que vai pegá-lo no ponto marcado, sem demora nem dificuldade, sendo debitado no seu cartão o valor da corrida, que já se sabe no momento em que embarca.
No início, os taxistas rebelaram-se contra a novidade e chegaram muitas vezes quase às vias de fato quando começaram a observar que o serviço tradicional estava perdendo para este, muito melhor que os táxis comuns. No dia 10 de outubro de 2016 mais de 6 mil taxistas cariocas saíram à rua em protesto, inclusive com carro sendo apedrejado.
E hoje, em razão do excelente serviço, normalmente só se utiliza da Uber, seja pela comodidade, seja da presteza no atendimento, seja pelo preço mais acessível. Mas é preciso que o Poder Público cerque esses abnegados profissionais com uma legislação apropriada, que lhes assegure o mínimo de segurança para o primoroso serviço que prestam, e, principalmente, que reduzam o preço do combustível para os profissionais da Uber, que rodam 24 horas por dia e abastecem a cada minuto, cobrando tarifas de baixo valor.
(Liberato Póvoa, Desembargador aposentado do TJ-TO, Membro-fundador da Academia Tocantinense de Letras e da Academia Dianopolina de Letras, Membro da Associação Goiana de Imprensa – AGI – e da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas – ABRACRIM – escritor, jurista, historiador e advogado, liberatopo[email protected])
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