Um carro a cada dois goianos
Diário da Manhã
Publicado em 15 de junho de 2017 às 01:52 | Atualizado há 8 anosMatéria interessante de hoje (Domingo 11 de junho de 2017) destaque da capa do Diário da Manhã, a qual me chamou muito a atenção por se tratar de assunto de meu cotidiano, seja como agente de trânsito do município em questão, ou como Gestor de Trânsito graduado pela UEG em 2005. Trabalho com trânsito a quase vinte anos na SMT – Secretaria Municipal de Trânsito de Goiânia e de lá para cá vivenciei a validação de todas essas estatísticas anunciadas e de vários alertas dos especialistas (inclusive o Antenor Pinheiro) que a frota aumentaria assustadoramente, de que em breve teríamos um veiculo para cada morador de Goiânia. “Profecias” assustadoras que as vias não suportariam o trânsito de tantos veículos circulando ao mesmo tempo; de que necessitaríamos repensar o trânsito da capital urgentemente, dos grandes engarrafamentos, etc., etc., etc.,
Como agente de trânsito e técnico formado na área, sabia perfeitamente que tudo isso era verdadeiro e que acabaria por acontecer, mais cedo ou mais tarde. O que me causou estranheza (e causa até hoje, para não dizer indignação), é que desde 1998 (quando entrei por concurso público nos quadros da SMT) até os dias atuais, NADA ou quase nada foi feito para modificar tais situações. A realidade está ai a quase vinte anos sendo anunciada pelos técnicos, denunciada pela imprensa e vivenciada pelos agentes de trânsito (que sofrem tentando amenizar os impactos de um trânsito impensado e mal gerido). Na minha casa (SMT) em quase vinte anos NADA mudou, e se mudou, mudou pra pior, pois somos um órgão sucateado, sem estrutura técnico-operacional, sem equipamentos, sem funcionários e sem gestor formado na área. Em quase vinte anos, pouquíssimas atitudes foram tomadas em favor do trânsito da capital, o que houve foi um mal fadado “APAGA FOGO” sendo realizado toda vez que a imprensa denuncia a falta de agentes nas ruas de Goiânia, e diga-se de passagem que efetivamente trabalhando no trânsito de Goiânia, temos poucos mais de 200 agentes, onde o Código de Trânsito brasileiro recomenda 1.000. Não precisa ser formado na área de trânsito para perceber a precariedade do sistema pelo qual está envolvida a cidade: Ruas mal sinalizadas e até mesmo sem sinalização alguma, principalmente nos bairros, semáforos que se apagam a qualquer momento, seja por pique de energia ou por total falta dela, já temos tecnologia com energia/bateria solar que resolveria tal problemática, pouquíssimas viaturas operacionais, temos menos de 50, sendo que desse total praticamente a metade vive parada por falta de manutenção. Em suma e para não ser demasiadamente cansativo, já temos mais de um carro para cada duas pessoas, uma frota com mais de hum milhão e cem mil veículos; se isso assusta, imagina tudo isso sem infraestrutura pra rodar, sem fiscalização eficiente e sem gestor e projeto que garantam não somente um futuro com mobilidade, mas principalmente um presente onde se possa locomover com dignidade.
De fevereiro a maio desse ano, tivemos depois de muitos anos (depois da gestão do Sr. Antenor Pinheiro, pra ser mais específico) um secretário técnico, porem por motivos desconhecidos, o mesmo nada fez em favor do órgão ou do transito da capital. Hoje esperançosos que estamos, recebemos o Sr. Luis Fernando Santana , advogado por formação, também não é da área de trânsito, porém, demonstra grande interesse em somar com a equipe técnica da SMT. Esperamos mais uma vez (como servidores que somos do órgão) a reestruturação da pasta (SMT), a gerência técnica da mesma, e não politica como vem acontecendo, a valorização dos servidores e o diálogo com a população.
(Ricardo David, agente municipal de Trânsito desde 1998, gestor de Trânsito formando pela UEG-Universidade Estadual de Goiás, pós-graduado em Docência e Gestão do Ensino Superior, pós-graduando em Gestão Pública, artista plástico, compositor, escritor)
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