Uma análise histórica e psicológica sobre o Dia Internacional da Mulher
Diário da Manhã
Publicado em 11 de março de 2016 às 01:21 | Atualizado há 9 anosEstamos no mês onde comemoramos o Dia Internacional da Mulher, para muitos que não sabe esse dia vem desde o seguinte episódio: dia 8 de março de 1857 (em 18 de abril deste mesmo ano foi lançado o Livro dos Espíritos), operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada com aproximadamente 130 tecelãs.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com baixos salários, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.
Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no Executivo e Legislativo.
Mas vejamos algumas datas pelo mundo onde a mulher reivindica seus direitos:
– 1788 – o político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres
– 1840 – Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos
– 1859 – surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres
– 1862 – durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Suécia
– 1865 – na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs
– 1866 – No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas
– 1869 – é criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres
– 1870 – Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina
– 1874 – criada no Japão a primeira escola normal para moças
– 1878 – criada na Rússia uma Universidade Feminina
– 1901 – o deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.
A mulher tem sim conquistado seu lugar na sociedade atual e com certeza o preço por isso não tem sido pequeno, pois ela ganhou e ganha lugar de destaque na sociedade, na política, nos diversos empregos, como o número crescente de juízas, promotoras, delegadas, médicas, etc; embora seu papel continue sendo dentro do lar, raras exceções, o mesmo de total responsabilidade pela educação dos filhos e administradora da casa, principalmente, depois que os bolsas famílias, vale gás, cestas básicas e bolsa escolar retirou do mercado as mulheres que, para aumentar e ajudar a renda familiar trabalhavam como “secretárias” (domésticas) em diversos lares. O preço por estas conquistas tem sido alto: grande jornada de trabalho; aumento de problemas cardíacos; depressão; problemas conjugais; alcoolismo, etc.
Mas, mesmo com todas essas conquistas ainda percebemos claramente o desrespeito e a violência para com mulher na sociedade brasileira, mesmo sendo os homens conhecedores da Lei “Maria da Penha”, diariamente vemos nos noticiários: “mais uma mulher “espancada” pelo companheiro”; “mulher é encontrada morta num matagal”; “mulher é escravizada pelo companheiro”, “tráfico de mulheres”; “adolescente é vítima de abuso sexual”, etc. Isso tudo em pleno século XXI.
A mulher sabe de sua força, de seu valor e deve continuar brilhando em todos os lugares por onde passa. Mas para o homem imaturo, o brilho conquistado pela mulher o deixa ainda mais inseguro perante a si mesmo e ao seu meio. Fragilizado por suas fraquezas desperta dentro dele o animal ainda não dominado pelo Eu superior, deixando que o Ego o domine e o escravize ainda na selvageria de seu instinto.
Ninguém é superior a ninguém. O homem jamais será ou foi superior às mulheres; porém, a mulheres também não deve se sentir superior ao homem; mas ambos têm papéis diferenciados na sociedade, principalmente quando esses papéis são respeitados.
As mulheres são mais corajosas quando busca meios de conhecerem a si mesmas, como tenho percebido durante 27 anos de consultório de psicoterapia onde o maior público continua sendo as mulheres.
Nossa intenção primeira de escrever esse breve artigo sobre a mulher não tem nenhum carácter de comparação e muito menos diminuir homens e mulheres; mas parabenizar esse Ser sublime que é a mulher, como nos escreve brilhantemente Victor Hugo em seu poema: “O Homem e a Mulher”, vejamos alguns trechos:
O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono,
Para a mulher um altar.
O trono exalta, o altar santifica.
O homem é o cérebro. A mulher, o coração.
O homem é gênio. A mulher é anjo.
A aspiração do homem é a suprema glória.
A aspiração da mulher é a virtude extrema.
O homem é forte pela razão.
A mulher é invencível pelas lágrimas.
O homem é um código. A mulher, um evangelho.
Enfim: O homem está colocado onde termina a terra.
E a mulher onde começa o céu.
(Dr. José Geraldo Rabelo, psicólogo holístico, psicoterapeuta espiritualista., parapsicólogo, filósofo clínico, artista plástico. Especialista em família, depressão, dependência química e alcoolismo. Escritor e palestrante)
]]>