Uma pasta para o agronegócio
Diário da Manhã
Publicado em 5 de setembro de 2018 às 23:26 | Atualizado há 6 anosUma pasta específica para o agronegócio é o que formulo para quem vencer as próximas eleições para o governo do Estado. Sei que mexo com pessoas do mais alto conceito, minhas amigas ou admiradores. Mas, entendo que não posso me furtar à ideia que defendo. Sem nenhuma afetação.
A agricultura e a pecuária são bases da atividade econômica de Goiás. Já propus essa iniciativa para o governo Marconi Perillo. Aparentemente, foi ignorada. Para mim, o segmento agropecuário se agrupou noutra pasta que representa pouco. Infelizmente. Há pessoas preparadas e de bem, mas, a verdade pura e simples, é a de que encaixaria bem melhor a denominação do Agro. Onde está hoje, é de causar estranheza e perplexidade.
Será um feito inédito no Brasil e, talvez, no mundo. À nova secretaria seriam agregadas a Emater, a Ceasa e a Agrodefesa. Já imaginaram a força. Os produtores se sentiriam mais em casa.
Seria de sua incumbência o fomento do desenvolvimento agropecuário, numa relação mais estreita com os produtores; fomento do cooperativismo e mais ações associativistas; desenvolvimento da pesquisa em nível mais estreito com o produtor; extensão rural; aperfeiçoamento profissional, através de cursos, para que a família acompanhe as evoluções tecnológicas; difusão da energia solar, para obter mais conforto e maior desempenho econômico de sua atividade. Projeto de irrigação e meio ambiente. A questão ambiental deve merecer maior atenção porque o mercado começa a exigir mais rigor nesse sentido. Os abates humanitários também exigem atenção.
Afinal, aquele trabalho pioneiro das representações dos produtores, como Faeg, SGPA, OCB-GO, sindicatos rurais, associações de classe, resultou na pujança que é hoje o Estado de Goiás. Nada foi por acaso. Graças àquela luta corajosa de Ruy Brasil, o tabelamento de preços dos grãos, carnes, frutas e hortaliças caiu. Vale hoje a lei e da procura. E nem poderia ser diferente porque vivemos num país capitalista.
A Emater, por sua vez, fez com que os produtores, sobretudo os pequenos, aprendessem o dever de casa.
A entidade se faz presente hoje em todos os municípios. A pesquisa agronômica introduzida na atividade agropecuária. A Emgopa foi acoplada à Emater e hoje Goiás produz com crescentes índices de produtividade em razão da pesquisa.
O consumidor está cada vez mais exigente e cobra produtos de qualidade. A questão sanitária começou a pesar.
Por esforços de instituições privadas como o Fundepec (Fundo de Desenvolvimento da Pecuária) a atividade pecuária vai de vento em popa.
A questão sanitária, que causava tanta preocupação, foi sanada com a entrada no circuito da Agrodefesa (Agência Goiana de Defesa Agropecuária). Hoje, a instituição é presidida por um próprio produtor, que reconhece a importância da qualidade dos alimentos.
E, portanto, está de cima de toda a cadeia produtiva. Os produtos de Goiás são consumidos nos mercados interno e externo sem riscos.
Goiás, dotado de grandes reservas de água, clima e terra favoráveis para o plantio, deu-se um salto na utilização da irrigação, na década passada. A estimativa oficial é de que haja sete mil empreendimentos com alguma modalidade de irrigação no Estado.
As principais são pivô central – predominante – aspersão convencional, micro-aspersão, gotejamento, irrigação por sulco, inundação. Segundo especialistas, com um pivô central, é possível irrigar área média de 70 hectares. Daí a preferência goiana, o que auxilia no desenvolvimento de commodities como milho e soja.
Em Goiás, nove cidades que concentram a maior parte dos produtores irrigantes: Campo Alegre, Cristalina, Ipameri, Itaberaí, Palmeiras de Goiás, Morrinhos, Silvânia, Vianópolis e Paraúna.
Até a última safra, cerca de 300 mil hectares foram irrigados com pivô central. Como em Goiás é proibido o plantio da soja dos meses de junho a setembro, devido ao vazio sanitário, a irrigação tornou-se solução para não deixar a terra ociosa, além de gerar e proporcionar a manutenção de empregos.
As principais culturas favorecidas são feijão, tomate, milho, batata inglesa, cebola, alho, cenoura e trigo. Cada 20 hectares irrigados produzem um emprego, ou seja, ao todo são 17,5 mil vagas criadas diretamente e 86 mil indiretamente.
Com a alta de 0,8% no PIB, Goiás movimentou R$ 186,13 bilhões em 2017, segundo o IMB/Segplan. Em 2015, a economia de Goiás movimentou R$ 173,63 bilhões, valor R$ 8,62 bilhões acima do registrado no ano anterior (R$ 165,01 bilhões).
A renda per capita dos goianos chegou a R$ 26.265,32, com crescimento de 3,83%, embora naquele ano a crise econômica tenha chegado ao seu momento mais agudo, fazendo com que todas as Unidades da Federação tivessem taxas negativas do Produto Interno Bruto (PIB).
O próprio Banco Central, reunido em Belém (PA), forneceu em seu boletim informativo a importância da atividade agropecuária para o Estado e todo o Centro-Oeste. E suas considerações foram altamente positivas para os goianos.
Não tenho dúvida, a pasta do Agronegócio será um fato novo. E bem vinda à cadeia produtiva da atividade agropecuária.
(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, ex-bolsista em cooperativismo agropecuário pela Histradut, em Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)
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