Violência no Rio de Janeiro
Diário da Manhã
Publicado em 16 de março de 2018 às 22:52 | Atualizado há 7 anosMesmo sem conhecer a ex-vereadora Marielle Franco e o ex-Motorista Anderson, assassinados brutalmente, ontem, na cidade do Rio de Janeiro, eu me permito compartilhar da dor das famílias, do sentimento dos amigos e da indignação do povo brasileiro. O meu desejo, e também da sociedade brasileira, é que esses criminosos sejam identificados, presos e mantidos na cadeia pelo resto da vida. Não defendo a pena de morte, mas sou a favor da prisão perpétua para os indivíduos que cometem crimes hediondos e são reconhecidamente irrecuperáveis. É inaceitável que as pessoas de bem sejam encarceradas, tolidas da liberdade e do direito de viverem, enquanto os criminosos se repetem na prática de crimes, como se não houvesse justiça neste País. São mais de sessenta mil brasileiros assassinados por ano no Brasil. País nenhum do mundo, mesmo os que vivem sempre em guerra, apresenta um índice de violência e criminalidade tão grande como no nosso querido Brasil.
O caso Marielle e Anderson, ocorrido ontem, repercutiu e continua repercutindo no Brasil e no exterior. As mais altas autoridades brasileiras e diversos segmentos da sociedade organizada, de uma forma justa e necessária, se manifestaram e cobraram providências urgentes na solução do crime e na prisão dos criminosos. Gestos da mais alta grandeza, haja visto que vidas foram ceifadas, com destaque para a ex-vereadora, por se tratar de uma pessoa pública e autoridade do município do Rio de Janeiro. As vidas que se foram, para o Pai celestial, tinham o mesmo valor. Para a sociedade profana e materialista que vivemos, os valores são diferentes, as manifestações desiguais e até os cemitérios são diferentes. Quantos Anderson, Pedro, João, Maria, José e milhares de outros brasileiros são assassinados por ano no Brasil, sem que as autoridades e os segmentos da sociedade organizada tenham os mesmos sentimentos e a mesma pressa na tentativa de se fazer justiça? A justiça é para todos, não faz distinção entre rico e pobre. Portanto, deve-se olhar para o conjunto da sociedade com os mesmos olhos, sob pena de discriminar as pessoas e dar valor pecuniário à vida.
Escrevo este pequeno texto, ainda comovido pela morte trágica de Marielle e Anderson. Contudo, motivado com as providências que serão tomadas pelo governo, e pelas promessas dos integrantes do partido da ex-vereadora Marielle, o PSOL, de lutarem contra a violência e a favor da paz, não só no Rio de Janeiro, mas em todo o território nacional, que também sofre com a escalada da violência e da criminalidade. Confesso, indignado, ver o meu país mergulhado de corpo inteiro na corrupção e de submeter-se ao controle das organizações criminosas. O populismo barato, o faz de conta, a mentira e a ganancia, contaminaram os políticos, os governantes e o povo, de tal forma, que será difícil e desgastante retomar a convivência numa sociedade livre, humana e solidária. Mas não perdi a esperança, sei que existe muita gente capaz de restabelecer a ordem e o progresso no Brasil.
(Gercy Joaquim Camêlo, coronel da Reserva Remunerada da Polícia Militar de Goiás)
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