Vítimas de balas perdidas
Diário da Manhã
Publicado em 12 de julho de 2017 às 00:59 | Atualizado há 8 anosO noticiário da mídia nacional nos últimos anos têm dado muita ênfase para a violência que vem tomando conta da cidade maravilhosa, cartão postal do Brasil, o Rio de Janeiro. Os bandidos assumiram de vez o controle de diversos bairros naquela cidade, mantém os moradores subjugados, impedem o acesso do Estado e dificultam o trabalho dos órgãos de segurança pública. Quando os bandidos cometem crimes contra os moradores ou brigam entre si, a polícia é acionada para conter a situação. Não raras vezes, quando chega no local da ocorrência, é sempre recebida à bala pelos bandidos. Os policiais, em consequência e sem outra alternativa, revidam, tentam prendê-los e começa o confronto. No meio do fogo cruzado estão as pessoas, as potenciais vítimas inocentes das chamadas balas perdidas. A verdade deve ser sempre dita, portanto digo, não não existe bala perdida, existe vítimas dos confrontos, troca de tiros, entre policiais e bandidos, o que torna impossível não haver vítimas inocentes. E nesses casos pouca importa saber de que arma veio o tiro e quem foi o autor do disparo.
É deplorável e incompreensível a omissão das autoridades diante de tão grave e desumana situação. Qualquer país do mundo que ama e defende o seu povo, em situação semelhante, já teria eliminado o crime organizado do seu território. No Brasil, ao invés do governo agir, a coisa fica no faz de conta, na enganação e na procura de culpados. Os culpados por esta guerra urbana que vivemos são as autoridades que não cumprem o seu dever e o povo que não exerce o seu direito de cobrar. As famílias ficam apenas reclamando a perca de seus ente queridos e falando mal dos políticos. A mídia, no seu papel de informar e cobrar, ainda tímida, tem ajudado muito na solução de alguns problemas na área da segurança pública. A questão é que existe muita hipocrisia e a verdade nem sempre pode ser dita, sem medo, pois pode trazer sérias consequências para quem fala. Se a polícia, por exemplo, não tem o efetivo de policiais necessários para atender a demanda, os comandantes e diretores não podem falar a verdade, quando questionados, com receio de serem reprimidos e destituídos dos cargos, o povo que se dane.
Parte da mídia faz um alvoroço quando alguém morre vítima de bala perdida, na cidade do Rio de Janeiro. A imprensa está coberta de razão, não é tolerável e nem aceitável que ninguém perca a vida de forma tão cruel e irresponsável. Mas é preciso também que a mídia não esqueça dos milhares de brasileiros que são assassinados por ano no Brasil, de forma premeditada e deliberada, sem que haja nenhuma reação contundente da imprensa e da população. O povo está sufocado e coagido pela crise política e econômica, de um lado, e do outro, pelas ações violentas do crime organizado. Não existe mais explicações que justifique a tolerância dos governantes e da sociedade com a gravíssima situação da criminalidade no País. De que adianta os políticos ficarem brigando pelo poder, enquanto as cracolândias aumentam, os moradores de rua se multiplicam, a fome bate à porta das famílias, a impunidade corre solta e os bandidos, soltos, continuarem barbarizando a frágil democracia brasileira? Está passando da hora do povo se libertar dessa escravidão e mostrar que o poder vem do povo e em seu nome deve ser exercido. Queremos Ordem e Progresso.
(Gercy Joaquim Camêlo, coronel QOPM RR e presidente do Conselho de Governadores do Rotary International, Distrito 4530, Gestão 2017/2018)
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