Politica

A indústria de mentiras

Diário da Manhã

Publicado em 10 de outubro de 2018 às 02:33 | Atualizado há 2 semanas

  •  A deputada federal do Rio Grande do Sul Manuela D´Ávila [PC do B] não usou uma camiseta preta com as palavras ‘Jesus Cristo é gay’
  •  Fernando Haddad não quer instalar, no País, de dimensões continentais, um ‘Modelo Bolivariano’. Como o da Venezuela. O seu programa não formula essa ideia
  •  Nem Luiz Inácio Lula da Silva [PT], ex-presidente da República, possui contas secretas com milhões de dólares e até euros na Suíça
  •  Link que traz Luiz Inácio Lula da Silva, preso, em Curitiba [PR], em que pede votos para Jair Bolsonaro, número 17, é ‘estapafúrdio’. Uma mentira
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    A deputada federal do Rio Grande do Sul Manue­la D´Ávila [PC do B] não usou uma camiseta preta com as palavras ‘Jesus Cristo é gay’. Nem Luiz Inácio Lula da Silva [PT], ex­-presidente da República, por dois mandatos consecutivos [2003-2006 e 2007-2010], possui contas secre­tas. com milhões de dólares e até euros na Suíça. O filho do ex-ope­rário metalúrgico, O Lulinha – Fá­bio Luiz Lula da Silva – jamais foi dono de latifúndios, com milhares de cabeças de gado ou sócio–majo­ritário da OI – Brasil Telecom. Tam­pouco a aliança política e eleitoral PT, PC do B, PCO, Pros decretará o fechamento das igrejas de litur­gia evangélica ‘neopentencostal’ no Brasil. Muito menos Fernan­do Haddad fabricou suposto ‘Kit Gay’ para que as crianças, em sua tenra idade, recorram ao erotismo. Precoce. Para assumirem identi­dades LGBTs. A regulação social dos meios de comunicação não traz nada, nada de censura. É a democratização do direito cons­titucional à informação, previsto na Carta Magna, promulgada em 5 de outubro de 1988, pelo ‘Senhor Dignidade ou Diretas Já’, Ulysses Guimarães. Com o impedimento da propriedade cruzada dos veícu­los. Uma referência é o modelo de mídia dos Estados Unidos [EUA]. Notícias falsas. Tempos sombrios da Pós-Verdade. É a avalanche. Um tsunami. De ‘Fake News’. In­formações que não correspondem à verdade. Hoje, para influenciar o resultado das eleições de 2018. Nas redes sociais. Da Internet. A rede mundial de computadores. O que fragiliza a democracia. Re­cém-conquistada. Após uma noi­te que durou 21 anos. Da ditadura civil e militar

    ‘Fake News’ constituem crime. A sua tradução significa notícias fal­sas. Dados com mentiras que não possuem autoria declarada, uma fonte da suposta informação, data ou veracidade. Como um rastilho de pólvora, elas se espalham de forma instantânea pela internet. A ideia original é destruir a reputa­ção do adversário. Nas eleições de 2018, para obter a vitória, a qual­quer custo, nas urnas eletrônicas, cuja lisura chegou a ser questio­nada tanto pelo deputado fede­ral e candidato à Presidência da República do PSL, Jair Bolsonaro, quanto por seu vice, o general de quatro estrelas Hamilton Mourão. O responsável pela infração pode ser punido. Com base nas leis exis­tentes. Para os crimes de calúnia, injúria e difamação. O Artigo 138, do Código Penal, por exemplo, es­tabelece que “Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime” pode levar a uma pena de “detenção, de seis meses a dois anos”. Além de multa. Assim como, na “mesma pena in­corre quem, sabendo falsa a impu­tação, a propaga ou a divulga”. Inju­riar uma pessoa [Artigo 140], com ofensa à sua dignidade ou o deco­ro pode levar a uma pena de um a seis meses de detenção, ou multa.

    Apesar disso, se o crime de in­júria consiste na utilização de ele­mentos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de de­ficiência, a pena pode atingir de um a três anos de reclusão, assim como de multa. Registro: é o que determina a lei.

    Graduado em Direito, mestre em Economia, doutor em Filoso­fia e professor de Teoria Política Contemporânea, da Universida­de de São Paulo, a USP, Fernan­do Haddad não quer instalar, no País, de dimensões continentais, um ‘Modelo Bolivariano’. Como o da Venezuela. O seu programa não formula essa ideia. Apesar do que circula em WhatsApp, Twit­ter, Facebook, e-mails. Não custa lembrar: o Brasil possui um setor primário da Economia que é res­ponsável por elevado percentual do Produto Interno Bruto, a soma de todas as riquezas produzidas na e pela nação, o PIB. Além de um parque industrial moderno, setor secundário da economia, que pro­duz mercadorias de valor agrega­do, nas regiões Sudeste e Sul. Um terciário, com uma multiplicida­de de serviços. Com alta circula­ção de mercadorias, tecnologia e dinheiro. Já a Venezuela depende de uma ‘commoditie’ apenas, o Pe­tróleo, cujo preço sob a globaliza­ção teria caído e oscila ao sabor do mercado. Mais: O PT participa das eleições desde 1982 e ganhou os úl­timos quatro pleitos presidenciais e aparece no segundo turno com chances reais de virar o jogo. Em 2018. Contra uma onda de direita. Uma escalada conservadora. Sem precedentes. Uma das armas utili­zadas para impedir a sua ascensão é uma fábrica de mentiras. Repe­tidas milhões e milhões de vezes. Uma delas traz o DNA conserva­dor. Da cultura da Tradição, Famí­lia e Propriedade. Da TFP. De triste lembrança. Como no mês de mar­ço de 1964.

    André Singer, doutor em Socio­logia da USP, diz que o ‘subprole­tariado’, como define as classes C, D e E, quer ordem. Uma das nar­rativas que circula pela internet é que Fernando Haddad não é a op­ção por quem defende a manu­tenção da família. Aos 55 anos de idade, o ex-ministro da Educação é casado há exatos 30 anos com a professora da USP Ana Estela Ha­ddad, com quem tem dois filhos. Já Jair Bolsonaro, capitão reforma­do que esconde de sua biografia a sua prisão por 15 dias, o inqué­rito aberto para apurar suposto atentado denunciado pela Revista Veja, em 1987, sob a Nova Repúbli­ca, tem cinco filhos, com três mu­lheres. Nada tradicional. O depu­tado federal do PSL diz que usa o auxílio moradia para ‘comer gen­te’. Como mentira pouca é boba­gem, as Fake News sublinham que, caso Fernando Haddad ganhe as eleições e suba a rampa do Palá­cio do Planalto, em primeiro de janeiro de 2019, as crianças serão propriedade do Estado. É falsa a informação de que o ex-prefeito de São Paulo distribuirá mama­deiras com bico de pênis. Ao con­trário do que executou Fernando Collor de Mello, em 1990, com o seu primeiro Plano Econômico, a coligação ‘O Povo Feliz de Novo‘ não irá confiscar a poupança de milhões de brasileiros. Não. Longe disso. Não acredite nas inverdades. O link que traz Luiz Inácio Lula da Silva, que mesmo preso, em Curi­tiba [PR], liderava as pesquisas de opinião pública, em 2018, em que pede votos para Jair Bolsonaro, nú­mero 17, é ‘estapafúrdio’

    DONALD TRUMP

    Um vídeo manipulado, de for­ma grosseira, que mostra Manue­la D´Ávila, mãe da pequena Lau­ra D´Ávila, de apenas três anos de idade, teve nada mais nada menos do que 146.480 compartilhamen­tos e 5.190.942 visualizações. Qual o seu conteúdo? A mensagem atri­buía à vice na chapa de Fernando Haddad a suposta entrega de ma­teriais pornográficos para crianças. A Fake News aponta que Manuela D´Ávila teria afirmado que “o cris­tianismo irá desaparecer, diminuir e encolher. […] Nós somos mais populares do que Jesus Cristo”. Fal­so. Falso. Falso. A deputada esta­dual do Rio Grande do Sul nunca disse isso. Nem vestiu camisa com a imagem de um ‘Jesus Cristo tra­vesti’. A mídia foi claramente edi­tada com uso de montagem – por meio da qual se desvirtuou o con­teúdo original do vídeo produzido pela candidata representante para combater a homofobia nas esco­las –, contendo agressão e ataque à sua imagem, sentenciou o mi­nistro Sérgio Banhos, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O magis­trado determinou que o Facebook retirasse do ar, em até 24 horas, 33 links por conterem mensagens di­famatórias a Manuela D’Ávila e à campanha da Frente de Centro­-Esquerda. A estratégia, importa­da e adaptada ao cenário político e cultural nacional, das notícias falsas é, como na eleição de Do­nald Trump, nos EUA, para inter­ferir no pleito eleitoral.

    Renato Dias, 51 anos de idade, é graduado em Ciências Sociais, pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Políticas Públicas, pela mesma instituição de ensino su­perior, a UFG. Em tempo: com cur­so de Gestão da Qualidade, pela Fieg, Sebrae–GO e CNI. Além de jornalista pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jornal Diá­rio da Manhã e colaborador do www. brasil247.com é também mestre em Direito, Relações Internacionais e De­senvolvimento pela Pontifícia Uni­versidade Católica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem, pre­miado por obras investigativas e re­portagens de direitos humanos

     

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