Aliados de Cunha atuam para arrastar processo de cassação até o ano que vem
Diário da Manhã
Publicado em 26 de outubro de 2015 às 22:45 | Atualizado há 9 anosAliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que integram o Conselho de Ética se articulam para protelar a decisão do colegiado no processo de cassação do mandato do peemedebista, a fim de dar a Cunha o que ele mais busca neste momento: tempo. Para deputados do PMDB que irão analisar o processo, não será possível ter qualquer conclusão sobre o caso de Cunha até o final deste ano, como deseja o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PSD-BA).
Após manobras de Cunha para atrasar o início do processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética, o pedido deve finalmente chegar ao colegiado nesta quarta-feira. José Carlos Araújo disse que a ação de Cunha “atrasa” seu cronograma em uma semana, mas que pretende marcar a primeira sessão de trabalhos na semana seguinte à chegada do processo e “correr” para concluí-lo ainda este ano.
O deputado Washington Reis (PMDB-RJ), um dos aliados de Cunha no Conselho, considera que o tempo é “curto” para concluir o processo ainda este ano e diz que não pode haver “atropelo”.
– O ano legislativo praticamente está acabando, tem cinco ou seis semanas úteis. O tempo é muito curto, acho que não dá para terminar esse ano. Não pode atropelar, tem que conduzir com responsabilidade. Tem que analisar a coisa com muito equilíbrio, seja quem for, de qualquer partido – afirma o deputado, completando:
– Depois da lei da Ficha Limpa, o político condenado não pode mais exercer o mandato. Antes, tinha dezenas de políticos condenados e exerciam o mandato. E processo, qualquer um está sujeito a responder, quem já passou pelo Executivo e não tem processo é porque não administrou nada. Todos chegam eleitos pela população, o mandato tem que ser respeitado. Tem gente da oposição que, se tiver qualquer boato, já quer trucidar qualquer um. Fazem condenação prévia. Vou trabalhar com muita responsabilidade, com cautela – diz.
Mauro Lopes (PMDB-MG), outro deputado próximo ao presidente da Câmara no Conselho, também defende que a discussão seja feita com calma no colegiado. Lembra que há várias passos a serem seguidos, como a convocação de testemunhas de defesa de Cunha. Para evitar maiores atrasos com manobras, o presidente do conselho disse que irá limitar em cinco o número de testemunhas.
– Não sei se dá tempo (de finalizar este ano) porque a gente é convocado, faz a reunião, depois Eduardo tem direito à defesa, deve apresentar testemunhas para serem ouvidas. Pode acontecer de ter demora. Vai ser igual a um processo que corre na Justiça, às vezes demora. Chegando o processo lá no Conselho, tem o prazo para fazer a convocação, depois vem o feriado de Finados… Normalmente, no Conselho, sempre é açodada a discussão e isso não é bom. É difícil fazer previsão de tempo. É um pouco demorado – afirma Mauro Lopes.
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