Analisando psiquiatricamente o “ódio separatista” em relação ao Nordeste
Diário da Manhã
Publicado em 9 de outubro de 2018 às 04:02 | Atualizado há 6 anosEmiti uma opinião sucinta num post de internet , mais ou menos assim: “…e se o Brasil do Centro-Norte-Sul fizesse fronteira à Nordeste com a Venezuela Oriental?”. Escrevi pouco porque brasileiro não gosta de textão. Mas, depois, com tantos ataques, voce acaba tendo de escrever textão para explicar seu textículo. Vamos lá : em primeiro lugar, psicologicamente, ou psiquiatricamente, como queiram, não tenho, nunca tive , nenhuma discriminação contra qualquer tipo de pessoa. Portanto, emocionalmente, não tenho nenhum mal-estar com o Nordeste, pelo contrário, adoro a região e seus habitantes. A minha vida inteira, desde 1981, só trabalho com populações precarizadas, inclusive migrantes nordestinos, aquela que os ricos (os que estão pensando em ganhar dinheiro e até o Estado abandonaram, e já sofri demais por isso. Portanto, psicologicamente, estou puro e macio como uma bundinha de nenê. O meu problema aqui é o de sucitar às claras uma discussão que muitos falam às escondidas: “vamos separar logo desse pessoal (nordeste) que quer o PT”, “deixemos eles com o Lula”, “vamos ver se conseguem sobreviver sem os Bolsas-Famílias do Sul”, “o Sul é nossa pátria”, e por aí vai.
O que precisa ser discutido, o que precisa ser levantado, sobretudo no Nordeste , é o uso politiqueiro – mais uma vez – que Governantes e Partidos, fazem da miséria da região. E isso nunca foi tão perigoso como agora, nos Governos PT, quando eles, ao invés de estimularem a população a estudar, trabalhar, disciplinar, controlar, esforçar, estimularam-nos a “reivindicar”, revoltar, exigir, sugar, viver de “direitos”, de bolsas, cotas, subsídios, etc. É claro que isso gera um círculo vicioso: para compreender isso, esta população tem de ter um pouco de leitura, um pouco de empreendedorismo, de iniciativa própria, de independência e insubmissão ao Estado, coisas que eles não têm justamente porque o EstadoGovernoPolíticosPartidos, vivem de engambelação.
Como então, com poucas e curtas palavras, numa mensagem curta, mostrar para o Nordeste toda esta incongruência? Mostrar-lhes que, sozinhos, ou seja, sem os “patrões capitalistas do Sul”, eles não sobreviveriam. Que, o regime que eles estão abraçando (PT e sua pollítica re-distributiva, isto é, dizendo que “tiram dos ricos e dão para os pobres”), é um autoengano, e que há muitos que estão, sim, insatisfeitos com isso. É como uma situação que a gente vê muito em psiquiatria: um filho, sem pai, sem figura de autoridade dentro de casa, vivendo com sua mãe , sugando-a para gastar com drogas, prazeres, sem trabalhar, sem estudar , e ainda por cima “cantando de galo dentro de casa”. É preciso que alguém chegue e lhe dê um choque de realidade: “olha, você está sugando e exigindo de sua mãe, aproveitando-se pérfidamente, cinicamente, da fraqueza dela (no caso, aqui, aproveitando-se da “democracia” onde o subdesenvolvimento quer mandar no desenvolvimento) para tripudiar em cima dela, viver na vagabundagem e , ainda por cima, se autodestruir”. A mãe não quer tomar atitude firme porque “tem dó dele”, coisa que o PT não tem: ele aproveita-se da fragilidade do Nordeste não por dó, mas por oportunismo.
Em suma, alguém precisa chegar no Nordeste e lhe dizer que, como ele está querendo fazer, isto é eleger indefinidamente o Padim Padre Lula, ele está não só se enterrando, condenando-se ao venezuelismo, ao cubanismo, mas também está prejudicando o resto do país, sugando-o, pois, ao invés de trabalhar, estudar, se autoconstruir, esforçar-se, está sempre esperando do Estado para “sugar dos barões e trazer para eles”. É uma trajetória psicológica perigosíssima esta que o Nordeste entrou, e alguém precisa lhe dar um choque de realidade. Tento fazer isso com esta escatologia política (“Venezuela Oriental”) justamente para conseguir um meio de discutir o assunto, colocá-lo , de forma curta, direta, escandalosa, polêmica, sobre a mesa. E para os que dizem que isto é injusto para uma “população precarizada”, eu digo que o pior de tudo é que a “elite do Nordeste” é a maior provedora de cargos e concursos públicos no Brasil. Sua própria elite tem esta mentalidade “estatista”, (aboletar-se no Estado) e, se a elite tem esta mentalidade, o que dizer da pobreza? Isso precisa começar a ser questionado, precisa começar a ser colocado em questão, e a maneira mais rápida e traumática de fazer isso é a de mostrar que eles não podem continuar com esta atitude parasitária, que esta atitude incomoda seus parceiros de condomínio (o resto do Brasil), que esta mentalidade precisa começar a ser mudada. Ou vamos, eternamente, continuar atuando a posição oposta à minha, ou seja, “passando a mão na cabecinha”, dizendo que “são pobrezinhos mesmo”, “coitadinhos”, que têm uma natureza muito inóspita, muito analfabetismo, saúde precária, que precisam mais e mais de subsídios? Pra mim é uma posição anti-Nordeste, aliás, é a posição que sempre tem destruído o Nordeste, e os Governos PT não foram exceção; tanto é que, com a diminuição dos subsídios, à região voltou à pobreza original, justamente porque esta política coitadista não retirou, de fato, a população da ignorância e da indolência.
Uma chamada à realidade, do tipo “fiquem com a Venezuela Oriental”, é exatamente uma maneira escatológica, provocativa, polêmica , de mostrar que esta situação é insustentável, a menos que o processo de venezuelização, de cubanização, atinja o país todo, ou seja, todos paupérrimos mas “todos iguais”. É a única maneira de mostrar , brevemente, com toda contundência, toda a inconsequência destes votos populistas petistas: “vamos sugar dos mais ricos do Sul”. Eles têm de entender que esta posição que vêm assumindo no decorrer das décadas é insustentável , e desconfortável, para o resto do Brasil. Não é nada discriminatório ou separatista de fato, pois se meu interesse fosse, verdadeiramente, separatista, eu estaria simplesmente aderido a um dos inúmeros movimentos neste sentido existentes no Brasil. E são movimentos que não querem diálogo, não querem “melhorar o Nordeste”, como eu o quero. Querem simplesmente distância deles, discriminação e fim de papo. Não é o meu caso. Como no caso acima, do paciente psiquiátrico, meu interesse é em trazer o paciente de volta à vida, à vida de trabalho, de responsabilidade, de disciplina e de amor. O contrário do que quer o PT, usando o Nordeste exatamente contra isso.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)
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