‘Bolsonaro é fascista’
Diário da Manhã
Publicado em 18 de setembro de 2018 às 02:40 | Atualizado há 3 semanas
O Brasil deve demarcar 400 territórios indígenas espalhados pelas regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País, afirma a líder indígena Sônia Guajajara. VicedeGuilhermeBoulos, cientista social, mestre em Psquiatria, líder do MTST [Movimento dos Trabalhadores Sem Teto] ecandidato do Psol [Partido Socialismo e Democracia] à Presidência da República, em2018, ela conta que existem, hoje, 900 mil índios em ‘nuestro território’, com 274 dialetos.
– Demarcação já! Reformas agrária e urbana. Sob o controle dos trabalhadores.
DEMARCAÇÃO, JÁ!
É o que propõe. Cáustica, ela denuncia os indicadores econômicos da ‘Era Michel Temer’. O número de desempregados e desalentados já estaria no patamar de 27,7 milhões. A população em situação de vulnerabilidade social, de pobreza extrema, com consumo diário de menos de um dólar por dia, seria de 19, 5 milhões de brasileiros. O mercado de trabalho informal ou invisível, sem renda fixa, nem direitos trabalhistas ou previdenciários, atinge 36 milhões, diz.
– Uma sociedade desigual. No ranking das 10 mais assimétricas do mundo.
Crítica, Sônia Guajajara lembra que levantamento de 2018 mostra que apenas seis bilionários do Brasil possuem, hoje, uma fortuna equivalente à riqueza de 100 milhões de habitantes. O que explica a taxa de analfabetismo, 13 milhões, segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], pontua. Com 63 mil homicídios em 2017, denuncia. Alto número de feminicídios, relata, em tom de indignação. É preciso dar um basta e mudar a cara da Nação, atira.
– O dólar, o euro e a inflação dispararam. Sem controle. O que prejudica os trabalhadores.
O impeachment ocorrido em 2016 foi um golpe, ataca. Dilma Rousseff acabou deposta sem ter cometido crime de responsabilidade, insiste. Um conluio entre o Palácio do Jaburu, o Congresso Nacional eleito em 2014 com recursos ilegais e empresariais, o suporte dos aparatos policial e jurídico do Estado, como STF, justiça federal de Curitiba, TRF – 4, de Porto Alegre [RS], e o Ministério Público Federal, além da Fiesp e até dos Estados Unidos, explica ela.
– Com cobertura midiática negativa, editorializada, do pensamento único, dos grandes conglomerados de comunicação no Brasil, controlados apor apenas sete famílias.
XÔ, LIBERALISMO!
A aprovação de medidas liberais, para o desmonte do Estado Nacional-Desenvolvimentista, comoaReforma Trabalhista, o Projeto de Terceirização, o Pacote de Concessões e Privatizações, a venda do Pré-Sal, com a sua entrega a multinacionais, a desestatização da Eletrobras constituem exigências do mercado, da Fiesp, do capital financeiro, agrário, metralha. Um governo progressista deveria revogá-las, a partir de 2019, recomenda a indigenista.
– Terceira etapa do golpe de 2016, a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, por mais divergências que possamos a ter com o PT e o PC do B, é ilegal e fereoArtigo VdaConstituiçãoFederal.
Pensativa, Sônia Guajajara afirma que existem, sim, identidades, apesar das diferenças históricas e políticas, entre a queda de Manuel Zelaya, em Honduras, em 2009, a de Fernando Lugo, da Teologia da Libertação, em impeachment relâmpago, no Paraguai, 2012, a agenda do golpe, no Brasil, em 2016, e as ameaças de invasão denunciadas pelo jornal dos EUA ‘The New York Times’ de Donald Trump com conspiradores para derrubar Nicolás Maduro, na Venezuela.
– De Donald Trump [Presidente republicano dos EUA] é possível se esperar tudo.
De Imperatriz, do Maranhão, Nordeste do Brasil, terra do clã Sarney, eladizlamentaraviolênciasofrida pelo deputado federal e candidato do PSL à Presidência da República JairBolsonaro. OPsolquerumacampanhasemviolência, resume. Agora, há exatos 30 anos, o capitão da reserva do Exército Brasileiro [EB] destila ódio pelos poros da sociedade civil, insiste. Contra mulheres, negros, LGBTs, índios, pobres, ex-presos políticos, esclarece ela.
– O deputado federal do PSL Jair Bolsonaro é fascista. Fascista! [Repito]
FANTASMAS DO PASSADO
O parlamentar possui uma narrativa sexista, misógina, homofóbica, racista, com uma apologia da tortura, reclama. Sônia Guajajara faz referência aos elogios rasgados feitos, em 17 de abril de 2016, na Câmara Federal, ao coronel do DOI-CODI – São Paulo, de 1969 a 1974, Carlos Alberto Brilhante Ustra. Ele defende a ditadura civil e militar [1964-1985], uma noite que durou 21 anos, humilha e ofende a memória dos mortos e desaparecidos na Guerrilha do Araguaia [1972-1975], cujos corpos não foram entregues às suas respectivas famílias, explica.
– A sua agenda é uma retrocesso político, econômico, com a defesa do Estado Mínimo, o corte de direitos dos trabalhadores, e promove a saída de fantasmas do armário, do passado totalitário do século XX. De triste lembrança.
Renato Dias, 51 anos de idade, é graduado em Ciências Sociais. Pela Universidade Federal de Goiás. Mais: pós-graduado em Políticas Públicas, pela mesma instituição de ensino superior, a UFG. Em tempo: com curso de Gestão da Qualidade, pela Fieg [Federação da Indústria do Estado de Goiás], Sebrae-GO e CNI [Confederação Nacional da Indústria] e Prefeitura Municipal de Goiânia, sob a gestão de Darci Accorsi [1993-1996]. Além de jornalista pela Faculdade Alves de Faria, a Alfa. O repórter especial do jornal Diário da Manhã e colaborador do www.brasil247.com é também mestre em Direito, Relações Internacionais e Desenvolvimento. Pela Pontifícia Universidade Católica, a PUC de Goiás. É autor de 15 livros-reportagem. Detalhe: premiado por obras investigativas e reportagens de direitos humanos
Uma sociedade desigual. No ranking dos 10 mais assimétricos do mundo” Sônia Guajajara ‘Brasil deve demarcar 400 territórios indígenas espalhados pelas regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste” Sônia Guajajara
CRONOLOGIA
2003 Dissidência no PT
2004 Nasce o PSol
2006 HH, PSol, é 3º lugar
2010 Plínio Arruda tem 1%
2014 Luciana Genro, 1,5%
2016 Marcelo Freixo, 2º turno
2017 Reformas liberais aprovadas
2018 Guilherme Boulos e Sônia Guajajara
]]>