Politica

Coronel acusa governador de prática de “ato eleitoreiro”

Diário da Manhã

Publicado em 23 de setembro de 2018 às 02:03 | Atualizado há 3 semanas

O governador José Eliton mandou convocar toda a oficialidade da PM, ser­vindo em Goiânia e cidades adja­centes, para uma reunião no dia 25, as 16h30, no Tatersal de Elite da Sociedade Goiana de Pecuária, no Parque da Pecuária. Todos deverão comparecer devidamente fardados. Segundo a “Convocação”, os milita­res vão participar (na verdade, ou­virem) de uma palestra intitulada “Prestação de Contas das Ações de Segurança Pública 2018”.

A convocação é extensiva aos alu­nos soldados e todos os praças, ex­ceto os que estiverem de serviço or­dinário no dia da convocação. Ou seja, os que estiverem de folga terão que comparecer. A convocação rei­tera que os comandantes terão que trazer os subcomandantes. Também terão que comparecer todos os poli­ciais “sob administração”.

A convocação, de n° 10 com o timbre do Estado de Goiás e da Po­lícia Militar, é um ato oficial, devida­mente registrado no sistema de do­cumentação do governo do Estado. Tem, portanto, caráter obrigatório.

Pelo menos um coronel da PM já declarou que não acatará esta “con­vocação”. O coronel Viveiros, candi­dato a deputado estadual pelo PDT, falando ao Diário da Manhã decla­rou que esta “convocação” seria o que ele chama de “manobra eleito­reira do governador candidato” que, prossegue, “em flagrante desvio de função, e com abuso de autorida­de, que usar a instituição para fins de propaganda eleitoral”.

Viveiros diz que esta prestação de contas, se fosse realmente coisa séria, poderia ser feita após às elei­ções e em dependências de órgãos públicos, em algum quartel ou au­ditório. “E não há necessidade de quebra da cadeia de comando, co­locando na mesma ordem unida o soldado e o coronel”, afirma.

“Na verdade”, denuncia Vivei­ros, “o objetivo disso é simples­mente colher imagens a serem exibidas no horário eleitoral, para passar falsamente a impressão de que os militares, da tropa ao alto comando, estariam comprometi­da eleitoralmente com o governa­dor candidato e seus aliados, pois com certeza a este evento deverão comparecer os candidatos a sena­dor da chapa de Zé Eliton”.

Segundo Viveiros, “é a socieda­de que o governador deve pres­tar contas das ações de segurança, não aos agentes da segurança, pois isso não faz o menor sentido”, diz. Ainda que houvesse pertinência, e não tem nenhuma, o caso não é de urgência e deveria ser agenda­do para depois das eleições, para assegurar a lisura do ato governa­mental”, assegura o coronel.

Viveiros diz que há tempos o go­vernador do Estado vem tentando manipular a PM com propósitos eleitoreiros. “Meus irmãos de farda vêm sofrendo constrangimentos, pressões de vários tipos, para se en­volverem no projeto eleitoral do sr. José Eliton. Infelizmente, o estatuto a que estamos submetidos impe­dem os militares de recusarem pu­blicamente essas injunções, mas eu posso falar pelos que não podem fa­lar, posso ser a voz dos que não têm voz”, protesta o coronel.

Coronel Viveiros opina que “o militar, enquanto cidadão, tem o direito de votar livremente em quem a sua consciência mandar, e não pode ser forçado a votar em candidato governista. O governa­dor é, por força da Constituição, o comandante supremo da PM, mas ele não pode exorbitar dessa autoridade para cons­tranger seus comandados a participar de atos eleitorei­ros. Isto é opressão”.

Viveiros diz que esta con­vocação é uma “verdadei­ra afronta à dignidade e à honra militar, uma ten­tativa mesquinha de atrelar a instituição a um projeto eleito­ral fracassado”. Vi­veiros afirma que “a PM é uma ins­tituição de Estado, que existe não para servir governos, mas para ser­vir ao Estado, ao povo do Estado”. Ele ressalta que “nem nos tempos do re­gime militar e dos governadores biô­nicos houve tentativas de usar a ofi­cialidade e a tropa como joguete dos interesses eleitorais dos governistas”. E conclui: “o que estamos vivendo é simplesmente escandaloso”.

E acrescenta ainda que os mi­litares, por óbvias razões, não po­dem desobedecer à “convoca­ção”, mas, garante, “a Justiça poderá impedir o ato”. Neste sentido, diz ele, “na condição de candidato, vou acionar a Justiça Eleitoral para que coí­ba a tempo esta mobilização constrangedora, que viola o princípio da paridade de armas que rege a disputa eleito­ral. Vou acionar a Justiça comum para barrar este ato de improbida­de do senhor governador”

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