Cuiabá se inspira em Goiás
Diário da Manhã
Publicado em 6 de abril de 2017 às 01:21 | Atualizado há 2 semanasO prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (PMDB), esteve na terça-feira em Goiânia conhecendo as unidades de saúde do Estado para implantar na capital do Mato Grosso o modelo de gestão de saúde por Organizações Sociais. Ele veio acompanhado do presidente do Tribunal de Contas do Estado do Mato Grosso, conselheiro Antônio Joaquim, virtual próximo governador do Mato Grosso.
“A prestação de serviços públicos, principalmente na saúde, sempre foi um grande problema para as administrações e conhecer esses casos de sucesso assim que já foram implantados e estão dando certo é uma das missões dos gestores público”, explicou o prefeito. Emanuel Pinheiro foi eleito nas eleições do ano passado na esteira de mais de 160 mil votos no segundo turno, ou 60% dos votos válidos. A capital do Mato Grosso tem aproximadamente 600 mil habitantes e 482 mil inscritos no Sistema Único de Saúde, um número que beira 80% dos habitantes está cadastrado como usuário do SUS. A realidade é bem confortável se comparada a Goiânia que tem cerca de 6 milhões de inscritos no SUS e uma população estimada em 1,5 milhão de habitantes.
O prefeito visitou unidades da rede estadual de saúde, como o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e o moderno Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), tido como referência em atendimentos e equipamentos modernos. “A celeridade e dinamismo que esse sistema de gestão permite são a principal meta que viemos conhecer”, assinalou.
Para o prefeito de Cuiabá, a experiência de Goiás é louvável e tem provado ser acertada, o que habilita a ser copiada e levada para a capital.
DM – Qual o objetivo da visita dessa comitiva a Goiás?
Emanuel Pinheiro – Goiás tem se transformado em uma referência na saúde pública, com uma saúde de excelência, onde há humanização, qualidade e eficiência na prestação dos serviços tem sido um ponto forte. Então, é natural que todo gestor público, especialmente em início de uma gestão, inconformado com a saúde pública que é oferecida à sua população na sua cidade, é natural que a primeira visita obrigatória seja ao Estado de Goiás, aqui em Goiânia para conhecer as Organizações Sociais que representam um caso de sucesso.
DM – O que os senhores conheceram?
Emanuel Pinheiro – Eu já conhecia a história do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e os desafios enfrentados pelo governador Marconi Perillo para transformar e virar a página da saúde pública na rede estadual e nessa visita fomos conhecer o Hugol, que é uma unidade nova e tem muito ainda a desenvolver para Goiânia e região. Mas já mostra que será outro caso de sucesso. Conhecemos também o Crer, que foi a experiência pioneira em gestão por OS e muito nos incentiva a levar esse modelo para a capital do Estado do Mato Grosso. Cuiabá precisa ter essa experiência positiva, essa excelência na saúde pública que Goiânia e Goiás já experimentam a um bom tempo.
DM – O que o senhor credita ser de maior sucesso nessa experiência com as Organizações Sociais?
Emanuel Pinheiro – Creio que seja a otimização dos recursos públicos e a economicidade dos valores investidos. A burocracia praticamente inexistente nas compras de insumos, medicamentos e manutenção dos equipamentos, a flexibilidade na contratação, a agilidade e celeridade no atendimento e o compromisso com a qualidade total, com a eficiência total, a quebra de paradigmas de que o que é público deve ser ruim, tem de ser simples, tem de ser de qualquer jeito. Isso não. O que é público deve ser de alto nível, precisa ser de excelência, deve ser bom e de qualidade. É isso o que as OSs qualificadas vieram implantar. Na educação a experiência com OS não deu certo. O governador atual, Pedro Taques, tentou implantar e não conseguiu. Em Goiás, eu creio que isso poderá ser feito também na educação e nós vamos observar isto. Estou convencido de que na saúde pública o melhor seja uma OS. Estamos avançando nessa possibilidade para implantar em Cuiabá. A saúde é o que mais me angustia nesse início de governo e precisamos dar uma resposta rápida para a sociedade e para a população. Indiscutivelmente é o principal problema que aflige a população cuiabana hoje e temos urgência em fazer algo que solucione esse gargalo. Claro que toda experiência bem-sucedida em outras áreas será igualmente observada com atenção redobrada.
DM – O legado da Copa do Mundo foi positivo para Cuiabá?
Emanuel Pinheiro – Apesar de a maioria das obras ainda não estar concluída e nem entregue ainda, mas podemos ter como certo que em setores específicos como mobilidade urbana, se não fosse a Copa do Mundo demoraríamos décadas para atingir o nível que estamos. É claro que não esperávamos o desfecho que teve. O governo do Estado anunciou agora que vai retomar as obras do VLT e buscar celeridade para sua conclusão. Foi mal planejado, mas estamos aí empenhados em colher os frutos desse legado.
DM – A rigor todos os prefeitos reclamam da falta de recursos. O que o senhor conseguiu implantar para mudar isso?
Emanuel Pinheiro – Cuiabá tem uma capacidade de investimento muito tímida, apenas 7% de seu orçamento. O que é um valor muito tímido e pequeno. Estamos buscando atacar na receita própria, que é o IPTU, combatendo a inadimplência que ronda a casa dos 35% para fazer caixa e cumprir nossos compromissos e investir em bem-estar para a população. Não é justo sacrificar quem paga em dia em detrimento da alta faixa de quem não paga em dia. Vamos atrás da iniciativa privada, com PPPs e outras medidas para retomar investimento. Vamos transformar o passivo da Prefeitura, que é uma massa falida, em dinheiro para aumentar a capacidade de investimento do município.
DM – Seu partido, o PMDB, sofre um revés político em nível nacional considerável. O que é preciso fazer para sair dessa espiral de problemas?
Emanuel Pinheiro – O PMDB é uma legenda histórica que tem uma folha de serviços prestados para a democracia e para a história brasileira. Tenho certeza que vai superar tudo isso.
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