“Essas eleições serão a mais importante desde a redemocratização”
Diário da Manhã
Publicado em 22 de setembro de 2018 às 03:20 | Atualizado há 6 anosEm discurso para a militância de centro-esquerda realizado ontem na Praça Universitária, em Goiânia, o candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) disse que “essas eleições serão a mais importante desde a redemocratização”. Ele lembrou que o momento pelo qual o Brasil vem passando não é dos melhores – em alusão à candidatura do capitão do Exército Jair Bolsonaro (PSL) – e que é preciso combater discursos autoritários. Ciro ainda atacou Bolsonaro e ressaltou que “ele representa uma repulsa da população brasileira à própria degradação da política”.
“A gente precisa reconhecer a revolta do povo, mas pedindo a Deus que ensine ao povo que revolta sem causa é violência”, declarou aos jornalistas. Ele comentou que “presidente forte é aquele que cumpre a palavra depois que se elege para manter o respeito e a consideração do povo”. “Sendo ele uma boa pessoa (Haddad), será que o Brasil aguenta uma candidatura que precisa da escora de uma personalidade exuberante e querida por muitos brasileiros como o Lula? E se ele perder a eleição nós vamos entregar o Brasil ao nazismo, ao fascismo?”, diz.
Ontem, durante ato de campanha no Núcleo Bandeirante, em Brasília, Ciro ironizou o apelo feito pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) que, em carta, sugeriu união do centro político para o pleito que vai acontecer em outubro. “É muito mais fácil um boi voar de costas. O FHC não percebe que ele já passou. A minha sugestão para ele, que ele merece, é que troque aquele pijama de bolinhas que está meio estranho por um pijama de estrelinhas”, comenta o candidato, pontuando que o tucano “está preparando o voto de Fernando Haddad. “Ele não tem respeito a nada e a ninguém, a não ser ao seu próprio ego”.
A carta do ex-presidente foi um apelo feito pelo PSDB diante da polarização entre o capitão do Exército e o petista, que cresceu nas intenções de votos nas últimas semanas e aparece na segunda colocação nas pesquisas de intenção de voto. Estagnado, o candidato tucano Geraldo Alckmin não tem conseguido deslanchar para brigar por um lugar no segundo turno. Na madrugada de ontem, em debate promovido pela Confederação Nacional dos Bispos (CNBB), Ciro já tinha criticado o FHC ao falar que ele é “um dos responsáveis pela situação que nós vivemos”.
Ciro aproveitou o momento para alfinetar Bolsonaro e dizer que “só uma pessoa muito inocente, doida para ser enganada, acredita que Bolsonaro vai dar 15 dias de atenção ao Paulo Guedes”, em alusão ao economista da campanha do adversário. Guedes e o presidenciável de extrema-direta divergiram nesta semana desde que economista propôs a volta da CPMF, imposto sobre transações bancárias, e ser, logo em seguida, desautorizado pelo candidato. “O governo Bolsonaro não acontecerá porque eu vou pedir a Deus que ilumine a minha palavra para proteger o Brasil desse salto no escuro”, diz.
DATAFOLHA
A campanha de Ciro Gomes (PDT) ganhou ingestão de ânimo anteontem com a divulgação da pesquisa Datafolha. Nas simulações de segundo turno, o pedetista é o único que derrota o candidato de extrema-direito Jair Bolsonaro (PSL), que segue na primeira posição nas intenções de votos, com 28%.
Segundo o Datafolha, Ciro aparece na terceira colocação, com 13% do eleitorado, contra 16% de Fernando Haddad (PT). Contudo, em um eventual segundo turno contra o capitão do Exército, o pedetista teria vantagem, com 45% contra 39%. Inclusive, ele ganharia de todos caso conseguisse ultrapassar a barreira do primeiro turno.
Se quiser chegar lá, todavia, o candidato terá que reverter a tendência de crescimento de Haddad. O instituto mostra curva crescente do ex-ministro da Educação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).Começou com 9% das intenções de votos no dia 10 de setembro, subiu para 13% na pesquisa divulgada no dia 14 deste mês e, no último levantamento, passou a 16%.
O que pode ser útil para o pedetista é a campanha de rejeição a Bolsonaro que vem acontecendo nas redes sociais. A hashtag ‘Ele Não’, iniciada pelo movimento feminista que é contrário ao candidato do PSL, viralizou nos últimos dias e conta com a atriz Patrícia Pillar, ex-esposa de Ciro, como garota propaganda. Ela não só está à frente da campanha contra Bolsonaro como nega ter sido agredida por Ciro. Pillar pediu voto para o ex-marido.
A gente precisa, com muita humildade, reconhecer a revolta do povo, mas pedindo a Deus que ensine ao povo que revolta sem causa é violência”
Em caminhada, Ciro se refere a Bolsonaro como nazista
A caminhada do candidato à presidência Ciro Gomes (PDT) contou com a presença de um militante pró-Bolsonaro. O rapaz tentou entregar para o pedetista uma camiseta com a estampa do candidato de extrema-direita, mas se deparou com uma reação surpreendente do presidenciável. Suado e com a camisa molhada, Ciro pediu aos presentes para terem “paciência com ele”. “Ele é só vítima dessa nazista filha da puta que nós vamos derrotar”, afirma.
Durante caminhada na cidade de Guarulhos, em São Paulo nesta semana, o candidato Fernando Haddad (PT) disse que um presidente tem de ter autocontrole para evitar provocações. Em coletiva realizada na Praça Universitária, ele afirmou ontem que “presidente forte é aquele que cumpre a palavra depois que se elege para manter o respeito e a consideração pelo povo”.
“Eu sou amigo do Haddad e nenhum de vocês vai conseguir fazer intriga entre mim e ele. A vida nos colocou em um momento grave de antagonismo pela sorte do nosso país”, disse, aos jornalistas presentes.
A concentração foi na Praça Cívica, às 16h, e a saída para a Praça Cívica atrasou alguns minutos. O candidato percorreu poucos metros ao lado de seus eleitores. Organizado pelo presidente do PDT em Goiás, George Morais e pela deputada federal Flávia Morais, a vinda do presidenciável para a capital goianiense contou com objetivo de reforçar sua campanha junto ao eleitor goiano e fortalecer mais os candidatos irão disputar as eleições pelo partido.
“Ciro tem força em Goiás e vem para fortalecer suas ideias como candidato à presidência da República que quer um país melhor, de mudança”, afirma Morais.
Eu sou amigo do Haddad e nenhum de vocês vai conseguir fazer intriga entre mim e ele. A vida nos colocou em um momento grave de antagonismo pela sorte do nosso país”]]>