Politica

FHC volta a indicar que prefere renúncia de Michel Temer

Welliton Carlos da Silva

Publicado em 16 de junho de 2017 às 14:33 | Atualizado há 8 anos

A reunião da Executiva nacional do PSDB na sede do partido em Brasilia há uma semana parece não ter convencido o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que o PSDB deve permanecer na base de apoio do presidente Michel temer.

Nos bastidores, se diz que o PSDB optou permanecer por faltar para onde correr; o partido é todo cercado pela Lava Jato, com possibilidades reais de alguns dos seus integrantes serem inclusive presos.

Com a maioria dos caciques da legenda investigados, o partido tenta se manter com Temer para combater a Lava Jato – a megaoperação que tem tirado o sono dos tucanos.

Jose Serra, Artur Virgilio, Aloysio Nunes, Simao Jatene, Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin, dentre outros, querem tirar Aécio Neves do foco político e articular nos bastidores a sobrevivência política.

A questão é que FHC parece discordar do grupo, mas sem se expressar corretamente, já que usa de linguagem dúbia para tratar da permanência de Temer.

“Se ficar difícil, cabe a quem tem responsabilidade renunciar”, disse o ex-presidente, em alusão ao processo atual de destruição da imagem de Temer.

Uma nota divulgada pelo ex-presidente tem intrigado tucanos e analistas políticos, já que há meses FHC vem tentando verbalizar criticas, mas sem ser direto.

Leia íntegra da nota de FHC:

“A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos fortes e minha percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e olhasse em volta, reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia. Falta o que os politicólogos chamam de ‘legitimidade’, ou seja, reconhecendo que a autoridade é legítima consentir em obedecer.

A ordem vigente é legal e constitucional (dai o ter mencionado como “golpe” uma antecipação eleitoral), mas, não havendo aceitação generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto.

É diante desta perspectiva que os partidos, pensando no Brasil, nas suas chances econômicas e nos 14 milhões de desempregados, devem decidir o que fazer.

A chance e a cautela a que me refiro derivam de minha percepção da gravidade da situação. Ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido.

A responsabilidade maior é a do presidente, que decidirá se ainda tem forças para resistir e atuar em prol do país.

Se tudo continuar como está, com a desconstrução contínua da autoridade, pior ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo mais como o PSDB possa continuar no governo.

Preferiria atravessar a pinguela, mas, se ela continuar quebrando, será melhor atravessar o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular.

É este o sentimento que motiva minhas tentativas de entender o que acontece e de agir apropriadamente, embora nem sempre, no calor dos embates diários e de declarações dadas às pressas, tenha sido claro nem sem hesitações.”

 

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