Haddad: “Bolsonaro quer tirar o 13º salário, ideia de jerico”
Diário da Manhã
Publicado em 29 de setembro de 2018 às 03:25 | Atualizado há 6 anosO candidato da chapa PT-PCdoB-Pros à presidência da República, Fernando Haddad, visitou ontem Goiânia. Ele participou de carreata pelas ruas da Capital, com a candidata ao governo, professora Kátia Maria, e com os candidatos ao Senado, o deputado estadual Luis Cesar Bueno e a vereadora Geli Sanches, e se dirigiu à Praça Cívica, onde foi realizado comício.
Em seu discurso para apoiadores na Praça Cívica, no centro da Capital, Haddad criticou a proposta de acabar com o 13º salário feita pelo general Hamilton Mourão (PRTB), vice na chapa do capitão Jair Bolsonaro (PSL). Ele qualificou a proposta como “ideia de jerico (burro) e também criticou os candidatos Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Henrique Meirelles (MDB-SP) por apoiar no Congresso Nacional a Reforma Trabalhista do presidente Michel Temer (MDB-SP), que retirou direitos dos trabalhadores:
“Veja o que eles estão fazendo: o Alckmin e o Meirelles começaram a Reforma Trabalhista para tirar o direito de vocês, e agora este Bolsonaro quer tirar o 13º, gente. Olha que ideia de jerico, o 13º está na Constituição Federal. Aí (Bolsonaro) diz o seu vice não entende de Constituição. Ora, troca o vice. Escolheu mal, troca o vice. Nós escolhemos a Manuela D´Avila (PC do B-RS), que conhece de CLT, que conhece o direito das mulheres, conhece o direito dos homens, dos trabalhadores e dos estudantes. Se você escolheu mal, tem que trocar”, sugere.
APOIO À AGRICULTURA
Durante coletiva, Fernando Haddad falou de seus projetos para Goiás e o Centro-Oeste. Ele se comprometeu a fortalecer a agricultura familiar e o agronegócio no Estado, com políticas contra a crise hídrica e de investimento em rodovias e ferrovias para o escoamento da safra e também o fortalecimento à pesquisa, com respaldo à Embrapa, que, segundo ele, tem sido sucateada no governo de Michel Temer:
“É sempre bom visitar o Centro-Oeste. Nós temos aqui a agricultura familiar que precisa ser fortalecida e o agronegócio que precisa ser apoiado, indistintamente, obviamente olhando para agricultura familiar em primeiro lugar. Nós vamos apoiar a geração de empregos aqui.
Entendemos que temos tarefas a cumprir, que são melhorar a segurança hídrica e escoamento, estradas de rodagem, estradas de ferro, para que a produção possa escoar, e apoiar a Embrapa. A pesquisa está muito secundarizada, muito largada, sem o apoio deste governo federal. Vamos fortalecer a Embrapa, diminuir o custo de transporte e garantir a segurança hídrica, água para irrigação. São as três tarefas que vamos enfrentar imediatamente para gerar novos negócios aqui no Estado de Goiás”, garante.
VIOLÊNCIA CONTRA MULHER
Para Haddad é preciso dar proteção às mulheres que são vítimas de violência, principalmente aquelas que já denunciaram os companheiros e foram agredidas de novo. Ele lembra que quando foi prefeito de São Paulo colocou a guarda civil metropolitana para apoiar mulheres vítimas de violência e que esta experiência pode ser levada a todo o País:
“A lei Maria da Penha foi um avanço muito importante no combate à violência contra a mulher. Mas nós em São Paulo inspiramos em algumas outras experiências. Passamos a fazer um acompanhamento das mulheres agredidas, porque muitas delas deixam de prestar a segunda queixa, depois da primeira, porque a violência aumenta ao invés de diminuir. Então se não houver uma pró-atividade do Estado em acompanhar a mulher que foi pela primeira vez agredida, muitas vezes a violência vai se perder, porque ela vai ficar com medo de representar contra o seu companheiro ou contra a pessoa que a está agredindo. Este acompanhamento foi feito pela guarda civil metropolitana em São Paulo com bons resultados. Nós queremos disseminar esta experiência pelo País”, revela.
APOIO À JUSTIÇA E ÓRGÃOS DE CONTROLE
O candidato do PT salienta que os governos do presidente Lula e da presidenta Dilma foram os que mais apoiaram a Polícia Federal, o Ministério Público, o Judiciário e a Controladoria da União, e caso seja eleito irá trabalhar pelo fortalecimento destas insittuições:
“Nós vamos apoiar no próximo governo todas as instituições que já foram apoiadas nos nossos governos anteriores. Nosso governo vai apoiar como sempre fez a PF, o Judiciário, o Ministério Público, a Controladoria Geral da União. Que não pairem dúvidas sobre isso. Nosso compromisso é em 1º de janeiro chamar estas instituições para apoiá-las. O que nós temos que evitar – e isto é papel do próprio Judiciário – é evitar o erro Judiciário. É para isto que têm recursos, para que uma instância corrija o erro de outro”, frisa.
EDUCAÇÃO E CULTURA DA PAZ
Ex-ministro da Educação durante os governos Lula e Dilma (de 2005 a 2012), Haddad foi responsável pela criação do ProUni (Programa Universidade para Todos), pela reformulação do Enem e criou o Fies. Durante os seis anos e meio em que comandou o MEC, o número de vagas no ensino superior público federal passou de 139,9 mil em 2007 para 218,2 mil em 2010. Foram entregues ao País 126 campus universitários federais, 214 escolas técnicas e 587 polos de educação a distância. O número de formandos cresceu 195% nos últimos 10 anos.
Na sua passagem por Goiânia, Haddad reafirmou o seu compromisso com a Educação e defendeu uma cultura de paz, ao receber livros e flores de crianças que foram ao seu encontro. Ele recriminou o seu adversário (Bolsonaro) que, quando veio à Capital do Estado, fez uma criança de colo imitar uma arma com as mãos e perguntou se ela sabia atirar. As crianças estão dando um exemplo. Nenhuma criança aqui veio armada. Só com livros e flores”, aponta.
“Duas palavras resumem o nosso plano de governo: trabalho e educação. Se a pessoa acorda e tem um lugar para ir, uma escola técnica, uma faculdade, está com o futuro garantido. Se não, está comprometido. Sem isso, o Brasil não vai para frente. O Brasil parou depois do golpe”, conclui.
ALIANÇAS
Para Haddad, a governabilidade deve ser construída através da aprovação do projeto que a aliança PT-PC do B-Pros apresenta à sociedade. Ele considera que as falas sobre apoios no segundo turno ainda são prematuras, uma vez que a disputa pelo primeiro turno ainda não foi concluída:
“Nós não estamos pensando ainda o segundo turno. Estamos trabalhando o primeiro turno. Estamos trabalhando para chegar bem ao final do primeiro turno, e no segundo turno vamos ampliar as discussões sobre quem assina o plano de governo que estamos apresentando. O pressuposto de qualquer aliança é a pessoa concordar com as ideias que vamos encaminhar ao Congresso Nacional. Antes de discutir nomes de partidos, temos que convocar o País a discutir este projeto. Quem é que concorda com esta linha de propostas que estamos apresentando? Todos serão bem-vindos desde que concordem com esta linha que estamos apresentando”, esclarece.
FRASES
“Vamos fortalecer a Embrapa, diminuir o custo de transporte e garantir a segurança hídrica. São as três tarefas que vamos enfrentar imediatamente para gerar novos negócios aqui no Estado de Goiás.”
“Bolsonaro diz que o seu vice não entende de Constituição. Ora, troca o vice. Escolheu mal, troca o vice. Nós escolhemos a Manuela D´Avila (PC do B-RS), que conhece de CLT, que conhece o direito das mulheres, conhece o direito dos homens, dos trabalhadores e dos estudantes. Se você escolheu mal, tem que trocar.”
“O Alckmin e o Meirelles começaram a Reforma Trabalhista para tirar o direito de vocês. E agora este Bolsonaro quer tirar o 13º. Olha que ideia de jerico.”
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