Politica

Iris diz que seu passado que impõe respeito

Hélio Lemes da Silva Filho

Publicado em 3 de maio de 2017 às 21:40 | Atualizado há 8 anos

“É o meu passado que impõe respeito junto àqueles que nunca tiveram coragem de vir oferecer coisas escusas”, afirmou o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (PMDB), ao ser questionado sobre a doação de R$ 300 mil, feita pela construtora Odebrecht, à sua campanha ao governo de Goiás, em 2010. “Essa contribuição foi dada, mas o próprio delator se encarregou de esclarecer que não foi fruto de negociata, de compromisso de devolver dinheiro, de fazer isso ou aquilo.”
Iris Rezende rechaça a denúncia de que a doação financeira tenha sido feita através de caixa dois à campanha do PMDB e sai em defesa do ex-coordenador geral da campanha, naquele ano, o ex-prefeito Sodino Vieira (já falecido), e do coordenador financeiro, ex-senador Mauro Miranda. “O coordenador da minha campanha de 2010 era um dos homens mais puros que conheci em minha vida, Sodino Vieira, já falecido. O Mauro Miranda é da minha confiança total, foi meu auxiliar quantos anos”.
Em entrevista à rádio 730/AM, concedida aos jornalistas Rubens Salomão, Cleber Ferreira e Eduardo Horário, no Paço Municipal, Iris Rezende disse que, se houve colaboração da Odebrecht, “não houve má-fé, negociata.” E acrescentou: “Nunca ninguém foi capaz, depois de centenas de empresas envolvidas nos meus dois governos que realizei no Estado, de dar presente para ganhar uma licitação ou que tivesse dado presente para receber pelo trabalho realizado no Estado.”
De forma enfática, o peemedebista ressaltou, ao falar, pela primeira vez, sobre a citação de seu nome por delator da Odebrecht de uso de caixa dois em campanha eleitoral: “É o meu passado que impõe respeito junto àqueles que nunca tiveram coragem de vir oferecer coisas escusas. Nunca tiveram coragem, graças a Deus.”
Questionado como recebeu a citação também de dois outros nomes do PMDB goiano – Maguito Vilela e Daniel Vilela – de receberem doações financeiras às campanhas eleitorais, via caixa dois, Iris Rezende disse que, pelo calejamento de vida e político e de “ver tantas injustiças contra políticos pelo País, se dá o direito de reservas quanto às acusações contra os companheiros de partido. “Até prova em contrário, eu continuo confiando plenamente neles”.
Sobre a citação do governador Marconi Perillo nas delações de ex-executivos da construtora Odebrecht, Iris Rezende também se reserva ao direito de não antecipar juízo: “O governador vai se defender. Vai depender dele se defender. Então, por que eu vou antecipar um juízo a respeito de acusações tão graves como surgiram.”

A ENTREVISTA

O senhor escolheu o líder do prefeito na Câmara Municipal e quem será?
Iris Rezende – Eu estava esperando, nesses primeiros meses, conhecer, em profundidade, a composição da Câmara, porque esta é uma Legislatura especial. Pela primeira vez, vinte e um partidos têm vereadores eleitos no Legislativo goianiense. Não era assim. Quando vi vinte e um partidos com representação na Câmara e o meu partido com apenas três vereadores, eu pensei: não posso cometer qualquer precipitação. Eu tenho que conhecer a Casa para, quando em anunciar o líder, ele corresponda à expectativa dos trinta e cinco vereadores. Eu espero, este mês, com a minha ida à Câmara para prestar contas, segundo a determinação legal, do primeiro quadrimestre da minha administração, anunciar o líder… Talvez eu até transfira à própria Câmara a escolha do líder.

O senhor não tem o nome ainda?
Iris – Ainda não.
Alguma chance de ser um nome fora do PMDB?
Iris – Pode. Nenhuma dúvida. Eu disse, quando fui à Câmara prestar contas do quadrimestre do meu antecessor, embora não fosse da minha obrigação, disse que esta Legislatura é especial, porque, num dos momentos mais críticos da política nacional, apenas dez ou doze vereadores conseguiram a reeleição, todos os outros, novos. Os antigos, porque são criaturas especiais, se não a população não os reelegeriam. E os demais, mesmo jovens, passaram a merecer a confiança de seus companheiros de bairros em todas as regiões de Goiânia. Então, eu disse: já assumo a prefeitura com uma preocupação, a de fazer daqui dessa Legislatura que se consolidem muitos estadistas para o futuro político de Goiânia e de Goiás. O meu espírito não é simplesmente partidário e sim o de aproveitar o meu último mandato na vida de deixar aqui um grupo de liderança consolidado para dar novo norte à política goianiense, estadual e por que não dizer nacional. O que não pode é permitir esse ambiente de corrupção, de aproveitadores, de pessoas que não têm o mínimo de compromisso com o povo. Eu não sabia que a situação fosse essa e milito na política há quase 60 anos. Não se podia imaginar que o índice de corrupção no Brasil fosse tão vasto e profundo como aconteceu. A presença de um homem diferenciado (Sérgio Moro) no Poder Judiciário, de procuradores de Justiça e delegados federais especiais que tiveram a coragem de enfrentar tanta coisa, desnudaram o mundo político-administrativo do Brasil e cuja situação deve ser motivo de preocupação para todos os jovens, pais de famílias para a população inteira: cuidado na hora do voto para não permitir mais pilantras, aproveitadores, corruptos assumindo o poder de ponta a ponta desse País.
O senhor aborda a Operação Lava Jato e um ex-executivo da construtora Odebrecht, em delação, cita que o senhor teria recebido, na campanha ao governo de Goiás, em 2010, trezentos mil reais de caixa dois, cujo intermediário seria o ex-senador Mauro Miranda. Como o senhor recebeu essa citação?
Iris – Saiu isso uma vez na imprensa de que Iris Rezende teria recebido trezentos mil reais na campanha eleitoral de 2010. Nunca mais saiu em jornal, rádio, televisão e em relatório nenhum, sabe por quê? Porque naquela delação, ele teve a preocupação de acrescentar: a empresa não conhece Iris, nunca teve relacionamento com ele. Essa contribuição foi dada, mas o próprio delator se encarregou de esclarecer que não foi fruto de negociata, de compromisso de devolver dinheiro, de fazer isso ou aquilo. Eu nunca fiz. Candidato a governador não tem capacidade para tomar conhecimento ou se envolver com doações. Eu não me encontrei ainda com Mauro Miranda. O coordenador da minha campanha de 2010 era um dos homens mais puros que conheci em minha vida, Sodino Vieira, já falecido. O Mauro Miranda é da minha confiança total, foi meu auxiliar quantos anos. Se houve colaboração, não houve má-fé, negociata. Nunca ninguém foi capaz, depois de centenas de empresas envolvidas nos meus dois governos que realizei no Estado, de dar presente para ganhar uma licitação ou que tivesse dado presente para receber pelo trabalho realizado no Estado. É o meu passado que impõe respeito junto àqueles que nunca tiveram coragem de vir oferecer coisas escusas. Nunca tiveram coragem, graças a Deus.

Como o senhor recebeu a citação também de dois nomes expressivos do PMDB goiano, o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela e o deputado federal Daniel Vilela?
Iris – Eu recebo com muita reserva. O meu calejamento de vida, o meu calejamento político e depois de ver tantas injustiças por esse Brasil afora a figuras políticas, tenho minhas reservas. Em política, se o adversário não tem defeito, o concorrente põe defeito nele. Até prova em contrário, eu continuo confiando plenamente neles.
Inclusive às citações em relação ao governador Marconi Perillo?
Iris – Também. Ele vai se defender. Vai depender dele se defender. Então, por que eu vou antecipar um juízo a respeito de acusações tão graves como surgiram.
O problema da saúde de Goiânia, o senhor vai resolver quando?
Iris – Agora. Vencidos os contratos com quatrocentos médicos, assinamos novos contratos. Impusemos novas condições para a assinatura desses novos contratos, em contratos totalmente diferenciados. As nossas primeiras medidas causaram estranheza às áreas médicas, mas estamos corrigindo as distorções para que o atendimento da saúde volte à normalidade em Goiânia. Hoje não falta mais insulina, mais remédio. Por que faltavam insulina e remédios? Porque não pagavam e os fornecedores suspenderam a entrega dos produtos. Isso eu enfrentei em silêncio, mas com veemência. Daqui a poucos dias, todos os Cais estarão funcionando vinte e quatro horas e o povo será atendido com dignidade.

A informação é a de que as prefeituras de Goiânia e de Catalão não participam do programa do governo estadual Goiás na Frente, com seis milhões de reais de investimentos. O senhor decidiu não participar do programa?
Iris – Não. Eu não tomei decisão a respeito. Eu não vou dispensar contribuição de quem quer que seja. Jamais. Eu não conheço o programa, não fui informado detalhamento. Vi pela imprensa. Tenho que levar em conta que a prefeitura de Goiânia está a exigir muito investimentos, muitos recursos. Por isso, estou cortando despesas a toda hora.

O senhor não foi procurado pelo governo sobre o programa Goiás na Frente?
Iris – Não.

E também não procurou o governo…
Iris – Também não. Eu não tive tempo. Estou voltado para a solução desses problemas graves de Goiânia.

O secretário Felisberto Tavares tem feito muita crítica a Andrey Azeredo, ex-titular da pasta de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, a SMT. Isso não acaba criando uma crise na prefeitura, já que Azeredo é o presidente da Câmara Municipal e aliado político do senhor?
Iris – Eu não tinha conhecimento disso ainda. Andrey Azeredo tem a confiança da população porque foi eleito vereador num eleição difícil. Foi eleito presidente da Câmara. É uma pessoa que não pode ser julgada aí extemporaneamente porque tem o seu valor. Tenho por ele admiração, como tenho pelo vereador Felisberto Tavares, porque fui buscá-lo, por ter conhecimento da área, porque é policial rodoviário federal, para ser secretário. Eu não tinha conhecimento, tenho agora e já vou dizer: secretário meu não pode entrar em polêmica com membro da minha equipe.

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