Ministro da Justiça diz que a PF já atua na investigação
Hélio Lemes da Silva Filho
Publicado em 30 de setembro de 2016 às 02:07 | Atualizado há 6 dias
- Ministro manifesta confiança nas forças de segurança pública de Goiás e destaca parceria: “Estamos com três delegados federais em Itumbiara e quatro equipes para dar o apoio”, diz
“É um lamentável ponto fora da curva”, disse, ontem, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, sobre o atentado em Itumbiara. Amigo pessoal do vice-governador José Eliton, com quem dividiu experiências e discutiu ações de combate ao crime à época em que ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo, o ministro fez questão de vir a Goiânia para visitar o colega. Eliton está internado na UTI do Hospital de Urgências Otávio Lage de Siqueira – Hugol, na região noroeste da capital, recuperando-se de ferimento a bala sofrido na tarde de quarta-feira (28), durante atentado que matou o candidato a prefeito de Itumbiara José Gomes da Rocha (PTB) e o cabo da PM Vanilson João Pereira, além de ter ferido o advogado da Prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende. O autor dos disparos foi morto, após reação de segurança.
O ministro veio acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello Coimbra. Foi recebido pelo governador em exercício, Helio de Sousa, parlamentares, diretores da Secretaria de Segurança Pública e assessores do governo estadual. Do aeroporto, seguiu direto para o Hugol, onde, depois de uma rápida reunião com o corpo clínico que atende o vice-governador, visitou José Eliton por alguns minutos.
Em coletiva à imprensa, Alexandre de Moraes disse ter tido informações seguras dos médicos que assistem o vice-governador de que ele se recupera favoravelmente, dentro das expectativas.
Alexandre de Moraes manifestou confiança nas forças de segurança pública de Goiás e disse ainda que ontem mesmo solicitou ao diretor-geral, Leandro Daiello, e ao superintendente da Polícia Federal em Goiás, Humberto Ramos Rodrigues, que dessem todo apoio necessário. “Nós estamos com três delegados federais em Itumbiara e quatro equipes para dar o apoio necessário à Secretaria de Segurança Pública”, reafirmou.
O ministro reforçou a informação de que não há investigação federal no caso. Adiantou, porém, que, “se houver algum indicativo de crime político, haverá o deslocamento de forças federais. Continuaremos atuando em conjunto com a polícia local e com a Secretaria de Segurança que já vêm realizando um ótimo trabalho”, salientou.
Desde o ocorrido no final da tarde de quarta, quando o ex-funcionário da Prefeitura de Itumbiara Gilberto Ferreira do Amaral (53) interrompeu a carreata de José Gomes da Rocha, da qual José Eliton participava, disparando tiros em direção ao veículo, as polícias Civil, Militar e Federal começaram a agir para tentar elucidar a motivação do crime. Na opinião do ministro, a situação em Itumbiara está sob controle.
A Polícia Federal permanecerá em Itumbiara até domingo com um total de 20 pessoas. A análise geral é que a eleição em Itumbiara ocorreria em absoluta tranquilidade, daí o porquê de não ter sido feito nenhum pedido de reforço policial para garantir a tranquilidade do pleito.
Helio de Sousa reforçou para a imprensa as determinações do governador Marconi Perillo em relação ao caso. Marconi viajou dos Estados Unidos para o Brasil durante toda a quinta-feira, mas não chegou a tempo de assistir ao velório de José Gomes da Rocha, cujo sepultamento estava previsto para o final da tarde de ontem.
De acordo com Helio de Sousa, “a orientação do governador é no sentido de fazermos tudo o que for preciso para que os fatos sejam esclarecidos. Há, em Itumbiara, um grande efetivo, tanto da Polícia Militar quanto da Polícia Civil. A situação lá está sob controle e nós consideramos que o fato ocorrido em Itumbiara foi isolado”, comentou.
Vice-governador pode receber alta ainda esta semana
O vice-governador José Eliton, baleado no abdômen, se encontra internado no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), em Goiânia. Após o atentado, ele recebeu os primeiros socorros no Hospital Municipal de Itumbiara, onde passou por uma cirurgia e, na sequência, foi transferido para Goiânia. De acordo com os médicos, seu quadro é estável e não corre nenhum risco de morte. Ele deve ter alta esta semana.
O governador Marconi Perillo, que estava nos Estados Unidos em missão comercial, cancelou toda a agenda naquele país e retornou ao Brasil. Diante do ocorrido, tomou as medidas necessárias, dentre elas a determinação imediata para que o delegado-geral da Polícia Civil, Álvaro Cássio, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Divino Alves, seguissem para Itumbiara. Nesta tarde, Marconi determinou, ainda, que seja decretado luto de três dias no Estado.
Apreendidos 84 quilos de maconha na residência de dois filhos do atirador
De acordo com o delegado-geral-adjunto da Polícia Civil, Marcelo Aires, após o início das investigações, a Polícia Civil chegou às casas de dois filhos do autor dos disparos, em Goiás e também no Estado de Minas Gerais. Com eles foram apreendidos 84 quilos de maconha, um veículo irregular, além de armas de pressão. Eles não foram encontrados pela polícia, que segue na procura.
A Polícia Civil, que investiga o caso, já conta com imagens de câmeras do circuito de segurança que mostram a movimentação do autor dos disparos minutos antes do ataque. As gravações identificam o momento exato, por volta das 17h45, quando Gilberto Ferreira do Amaral posiciona o veículo, um Fiat Siena preto, na via contrária e aguarda a passagem da carreata em que estavam o candidato Zé Gomes, o vice-governador José Eliton, o deputado federal Jovair Arantes e outras lideranças políticas.
A superintendente de Polícia Técnico-Científica, Rejane Barcelos, informou que agentes responsáveis pela coleta de material biológico, impressões digitais e medicina legal agiram no local do crime para identificar provas que vão auxiliar as investigações. O carro do autor também foi periciado com a finalidade de encontrar possíveis irregularidades, como a adulteração do número de chassi, por exemplo. Esse trabalho foi realizado por equipe de Goiânia, que foi deslocada para Itumbiara.
Rejane afirmou, ainda, que para facilitar o trabalho dos peritos criminais, dois corpos permaneceram no Instituto Médico Legal (IML) de Itumbiara – ex-prefeito e candidato Zé Gomes, e cabo Vanilson –, e o corpo do atirador, Gilberto Ferreira do Amaral, permanece na unidade de Goiânia, onde já passou por autópsia.
Acontecimentos em Itumbiara são“atentado político”, diz Edson Costa
Os acontecimentos em Itumbiara são um “atentado político, independente das motivações que venham a ser apontadas pelas investigações da Polícia Civil”, disse, ontem, o secretário interino de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás, coronel Edson Costa, durante entrevista coletiva no auditório da SSPAP. Segundo ele, ao alvejar autoridades que estavam em caminhonete durante carreata, “se perpetrou contra direitos políticos, a cidadania e o processo eleitoral, se efetuou um ato contra a soberania, o estado de direito, a liberdade de expressão e de livre atividade do cidadão para exercer seu direito político”.
Na entrevista coletiva, autoridades de segurança pública discorreram sobre o atentado ocorrido em Itumbiara, durante carreata na quarta-feira (28). Na ocasião, um servidor da prefeitura disparou contra a caminhonete que conduzia autoridades. O candidato a prefeito, José Gomes, foi atingido e morreu. O vice-governador, José Eliton, e o advogado da Prefeitura de Itumbiara, Célio Rezende, também foram baleados e se encontram internados no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage (Hugol), em Goiânia. Também morreu o cabo da PM Vanilson João Pereira, que estava a trabalho no evento.
Coronel Edson afirma que “se atentou contra um candidato e o fato atuou diretamente na configuração política do município, na medida em que se tirou um concorrente da disputa”. Ele abordou, ainda, a rápida atuação das forças de segurança, na medida em que a contenção do agressor se verificou num curto espaço de tempo, de apenas 11 segundos. O autor dos disparos, Gilberto Ferreira do Amaral, de 53 anos, foi morto durante a troca de tiros.
O atirador tinha uma carga sobressalente e poderia causar mais baixas. “Tivemos perdas de vidas, de duas pessoas valorosas, mas a pronta reação impediu que a catástrofe fosse ainda maior”, disse o coronel Edson. Ele citou a visita do ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, que qualificou os acontecimentos em Itumbiara como “um lamentável ponto fora da curva”.
“Goiás está na plenitude de sua capacidade de manter a ordem e a segurança. O fato foi uma situação atípica”, disse o coronel Edson. Ele anunciou que a tropa para as eleições será de 10 mil policiais, além do efetivo ordinário. O governador Marconi Perillo autorizou a medida, que engloba pagamento de horas extras.
A apresentação do caso foi feita, também, pelo delegado-geral adjunto da Polícia Civil, Marcelo Aires, o subcomandante-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Antônio Borges, do comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Carlos Helbingen Júnior, e a superintendente de Polícia Técnico-Científica (SPTC), Rejane Barcelos.
Ainda segundo o coronel Edson, após o ocorrido em Itumbiara, uma força-tarefa foi montada para a elucidação do caso. Ao todo, 13 delegados da PC seguem com as investigações, além de outros dois delegados da Polícia Federal que acompanham o caso. A equipe é comandada pelo delegado-geral da PC, Álvaro Cássio, e coordenada pelo titular da Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), Douglas pedrosa. O superintendente de Polícia Judiciária da SSPAP, Alécio Moreira, também participa dos trabalhos em Itumbiara.
Estado decreta luto oficial de três dias pela morte de ex-prefeito e PM
O governador do Estado em exercício, Helio de Sousa, decretou ontem luto oficial de três dias pelo falecimento do ex-prefeito de Itumbiara José Gomes da Rocha e do policial militar Vanilson João Pereira. No decreto, Helio ressalta que José Gomes exerceu “vasta” e “produtiva” atividade política, tendo sido eleito, em 1976, por Itumbiara, o vereador mais jovem do Brasil, assumindo cadeira de deputado federal em 1989, e sucessivamente reeleito para os mandatos de 1991 a 2003, eleito deputado estadual em 2003, e eleito prefeito de Itumbiara em 2004 e reeleito em 2008.
Com o falecimento, diz o decreto, Goiás perde uma de suas personalidades políticas mais importantes e respeitadas dos últimos anos, “notadamente por sua incansável e exitosa luta pelo desenvolvimento do Estado e pelos interesses do município de Itumbiara”.
O decreto governamental também enaltece a coragem do cabo da Polícia Militar Vanilson João Pereira, que faleceu em cumprimento do dever legal, “sacrificando a sua própria vida para proteger a sociedade goiana e, em especial, a pessoa do governador do Estado em exercício, José Eliton de Figuerêdo Júnior. Por fim, o decreto do Executivo ressalta que é dever do Estado reverenciar a memória daqueles que souberam doar sua existência à causa pública.
Em sua página pessoal no Facebook, o governador em exercício Helio de Sousa informou que, mais cedo, acompanhou o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em visita ao vice-governador José Eliton, que se encontra hospitalizado no Hospital de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em boas condições de saúde. Informou também que o vice-governador está internado na UTI “apenas como medida de precaução”.
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