Politica

Morre, aos 73 anos, Mauro Borges Jr.

Diário da Manhã

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 02:14 | Atualizado há 2 semanas

Foi sepultado ontem, no fi­nal da tarde, no Cemitério Jardim das Palmeiras, o cor­po de Mauro Borges Teixeira Jr., ex­-deputado estadual, eleito em 1978 pelo MDB.

Ele era chamado carinhosamen­te pelos amigos de “Maurinho”. O pai dele foi Mauro Borges Teixeira, que governou Goiás de 1962 a 1954. Foi presidente do MDB, senador da república e deputado federal. Sua mãe era Lourdes Stivallet Teixeira. O avô de Maurinho foi Pedro Lu­dovico Teixeira, interventor federal por 16 anos e governador eleito por quatro anos, tendo sido o fundador e construtor de Goiânia.

Maurinho faleceu na noite de segunda feira, aos 73 anos, vitima­do por um enfarto do miocárdio. Durante o dia de ontem, inúme­ros amigos e parentes comparece­ram à sala de velório do Cemitério Jardim das Palmeiras para oferecer condolências aos parentes e dar seu último adeus ao falecido. Todas as altas autoridades do Estado en­viaram flores. Líderes políticos es­tiveram no velório ao longo do dia.

Um dos mais emocionados era o ex-deputado estadual Vicente Miguel. Os dois atuaram na mes­ma legislatura, a que foi eleita em 1978. Vicente diz que ele e Mauri­nho eram amigos desde os tem­pos de infância.

“Foi um grande amigo que tive a vida toda”, declarou Vicente. “Ele era extremamente sincero, não su­portava hipocrisia. Muito discreto e muito humilde”, acrescenta. Vicen­te diz que Maurinho “passou por muitos momentos difíceis”, mas “nunca perdeu a alegria de viver”.

De fato, a vida de Maurinho, nos últimos anos, não foi agradá­vel. Ele portava diabetes, de um tipo profundamente agressivo e resistente a tratamento. Em razão da enfermidade, ele ficou cego e teve que amputar as duas pernas. “Apesar disso, ele mantinha o bom humor e adorava receber os ami­gos. Ele, apesar de cego, reconhe­cia todos nós pela voz”.

Maurinho deixa viúva e quatro filhos e filhas. Também deixa os ir­mãos Rodrigo, Ubiratan, e a irmã Yara. Ele tinha outro irmão, Pedro Stivallet, que chegou a ser vice-pre­feito de Goiânia, que faleceu ainda jovem, por suicídio.

A CARREIRA

Maurinho foi deputado esta­dual pelo antigo MDB, fazendo oposição ferrenha ao governador Ary Valadão. Quando se candi­datou, o pai dele, Mauro Borges, ainda estava com seus direitos políticos suspensos, em virtude de sofrer cassação em 1964. Foi, por assim dizer, o continuador de uma tradição política que vi­nha de seu avô, Pedro Ludovico, também perseguido pela ditadura militar e falecido em 1979.

A bancada do MDB era pe­quena. Logo sofreria um desfal­que, com a adesão do deputado João Felipe ao partido governista. O núcleo combativo da bancada era formado por Derval de Paiva, que a liderava, João Divino Dornel­les, Frederico Jayme, Línio de Paiva, Waterloo Araújo, Vicente Miguel e Maurinho. Os demais membros da bancada tinham atuação apagada.

Murinho era engenheiro agrô­nomo, e isto fez dele o principal crítico da política agrícola do go­vernador Ary Valdadão perante a Assembleia Legislativa. Não fazia oposição exaltada, e tinha relacio­namento cordial com todos os co­legas, inclusive com os governis­tas. Mas, certa vez, ao ser insultado gratuitamente pelo deputado are­nista Hely Dourado, partiu para as vias de fato. Atracou-se com o deputado num corpo a corpo em plenário, luta que não teve maio­res consequências porque os de­mais parlamentares intervieram para separar os brigões.

Depois de ter sido posto a sal­vo, Hely Dourado – que era fisica­mente inferior a Maurinho – atirou contra ele um pesado cinzeiro de vidro, que explodiu em estilhaços ao bater no chão. Alguns estilha­ços causaram ferimentos leves em pessoas próximas. Todavia, a de­savença parou por aí.

Maurinho tentou a reeleição em 1982, quando o já então PMDB ele­geu maioria esmagadora para a As­sembleia Legislativa. Mauro Bor­ges, o pai, teve expressiva votação para senador. Mas, na condição de candidato, disputando contra três concorrentes de peso, Mauro se viu tolhido politicamente, sem poder ajudar o filho. Mauro Neto conta que, àqueles que indagavam a seu pai o motivo de ter abando­nado a vida pública, ele respon­dia laconicamente: “Disputei duas eleições. Ganhei uma, perdi outra. Estou quite com a sociedade”.

Mauro Borges Teixeira Neto, o se­gundo filho de Maurinho, conta que a partir de 1982 ele decidiu abando­nar de vez a vida pública. Passou a dedicar-se unicamente à profissão de agrônomo e aos seus próprios negócios de agropecuarista.

O secretário de Segurança Pú­blica do Estado de Goiás, Irapuan Costa Júnior, presente ao velório, manifestou o seu pesar. “Maurinho era uma figura que todos preza­vam. Teve um início de carreira que parecia promissor, mas depois pre­feriu partir para outras atividades”.

VITTI DECRETA LUTO

O presidente da Assembleia Le­gislativa, José Vitti, decretou luto ofi­cial de três dias em razão do fale­cimento do ex-deputado estadual Mauro Borges Teixeira Júnior.

Vitti lamentou a morte do ex­-parlamentar, afirmando que ele participou ativamente da luta pela redemocratização do país e se destacou pela integridade e nobreza de princípios.

Maurinho tinha 73 anos e fale­ceu em decorrência de complica­ções de diabetes. Exerceu manda­to na Assembleia pelo antigo MDB na 9ª Legislatura, entre 1979 e 1983.

Formado em Agronomia pela UFG, era filho do ex-governador Mauro Borges e neto do fundador de Goiânia, o também ex-governa­dor Pedro Ludovico Teixeira.

]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias