O fracasso do MDB nas urnas, de novo
Hélio Lemes da Silva Filho
Publicado em 28 de outubro de 2018 às 03:07 | Atualizado há 1 semana
Após surgir em 1982 como a principal força político-eleitoral com a volta das eleições diretas para governador e permanecer por 16 anos no poder em Goiás, o PMDB, agora MDB perdeu seis eleições sucessivas para o Palácio das Esmeraldas – a mais recente, em 7 de outubro, com Daniel Vilela ficando em segundo lugar na corrida eleitoral.
O MDB de Iris Rezende e de Maguito Vilela, as duas principais estrelas da legenda, se já estava desidratado desde a derrocada de 1998 para o “Tempo Novo”, ficou menor ainda nas eleições deste ano: não emplacou o candidato a governador (Daniel Vilela), a senador (Agenor Mariano), ficou sem representatividade na Câmara Federal – tinha dois parlamentares, agora não tem nenhum -, e ainda diminuiu de cinco para três os membros na Assembleia Legislativa, com a reeleição apenas de Paulo Cezar Martins, Bruno Peixoto e Humberto Aidar (este trocou o PT pelo MDB em abril último).
Os cardeais do MDB resistiram à proposta de união da oposição em Goiás para a disputa direta com o PSDB e aliados, rejeitando composição com o DEM de Ronaldo Caiado, que venceu a disputa para o Palácio das Esmeraldas já no primeiro turno. Se aprovasse a aliança com o DEM, Daniel Vilela poderia ter sido eleito vice-governador ou senador, ou mesmo seu pai, Maguito Vilela, senador. Daniel obteve 479.180, ou seja, 16,14% dos votos válidos, ficando em segundo lugar, à frene do governador José Eliton (PSDB), que alcançou 407.507, ou seja, 13,73% dos votos válidos. O vencedor, já no primeiro turno, foi Ronaldo Caiado, com 1.773.185, ou seja, 59,73% dos votos válidos.
Daniel Vilela viu seu projeto de concorrer ao governo de Goiás perder substância e musculatura política a partir do surgimento da chamada dissidência do MDB, que, sob a liderança dos prefeitos Adib Elias (Catalão), Ernesto Roller (Formosa), Renato de Castro (Goianésia), Paulo do Vale (Rio Verde) e Fausto Mariano (Turvânia), migrou para o palanque de Ronaldo Caiado.
Agenor Mariano, que foi vereador, vice-prefeito de Goiânia e secretário das gestões de Iris Rezende, teve votação pífia para o Senado: apenas 196.614 votos, ou seja 3,56% dos votos válidos.
Deputado federal Pedro Chaves desistiu de concorrer à reeleição, lançou-se ao Senado e desistiu. Virou coordenador-geral da campanha de Daniel Vilela e primeiro suplente, na chapa de Vanderlan Cardoso (PP), que conquistou uma das vagas ao Senado.
O deputado Wagner Siqueira, que foi um dos incentivadores da campanha de Daniel Vilela ao governo do Estado, não conseguiu retornar à Assembleia Legislativa. Aliás, é a segunda vez, já que atualmente exerce mandato como suplente de deputado, uma vez que não havia sido eleito em 2014. Um dos maiores fiascos eleitorais do MDB nas eleições de 2018 foi a votação da ex-deputada federal e primeira-dama de Goiânia, Iris Araújo, que concorreu à Câmara Federal: 39.976, ou seja, 1,32% dos votos válidos. Um contingente eleitoral inexpressivo para a liderança política de seu marido, o prefeito Iris Rezende.
Em Aparecida de Goiânia, segundo maior colégio eleitoral o Estado, o MDB do ex-prefeito Maguito Vilela e do prefeito Gustavo Mendanha também amargou uma derrota de ponta a ponta. Daniel Vilela, filho de Maguito, perdeuemduasdastrêszonaseleitorais da cidade para Ronaldo Caiado (DEM). OcandidatoasenadorAgenor Rezende também teve baixa votação.
Os cardeais do MDB aparecidense apoiaram Iris Araújo para a CâmaraFederal, quetevepequenavotação, pois, na reta final, as principais lideranças do partido estavam nas carreatas e caminhadas do empresário e professor Alcides Ribeiro (PP), que foi o campeão de votos e se elegeu.
Os três candidatos do MDB da cidade à Assembleia Legislativa – Max Menezes, Ozair José e Gleison Flávio – nãoconquistaramcadeira. Maxchegou a ter votação expressiva – 30.389 em todo o estado, 0,99% dos votos válidos e ficou na primeira suplência da bancada estadual do MDB.
INSUCESSOS HISTÓRICOS
A derrocada do PMDB, agora MDB, começou em 1998, depois de o partido permanecer no poder por 16 anos. Acusado de práticas viciadas, como a “panelinha” na formação de chapa majoritária, reunindo os interesses de Iris Rezende e de Maguito Vilela. À época, o vitorioso foi o jovem Marconi Perillo (PSDB), que liderou o chamado “Tempo Novo”. O derrotado foi Iris Rezende, que tentou retornar ao Palácio das Esmeraldas.
Já em 2002, Maguito Vilela, ex-governador, foi escalado pelo PMDB para enfrentar o governador Marconi Perillo, que concorria à reeleição. O emedebista perdeu as eleições, o tucano foi o vencedor nas urnas.
Em 2006, mais uma vez, o PMDB lança Maguito Vilela para enfrentar o governador Alcides Rodrigues (PP), que tinha o apoio do ex-governador Marconi Perillo. Foi a terceira derrota seguida do PMDB.
Em 2010, coube novamente a Iris Rezende fazer o tira-teima com Marconi Perillo. A escrita foi confirmada: os peemedebistas não conseguem vencer os tucanos: nova derrota de Iris.
Em 2014, Iris Rezende volta aos palanques para enfrentar o governador Marconi Perillo, que concorria à reeleição. Iris não conseguiu êxito eleitoral e contabilizou mais um insucesso nas urnas em Goiás.
As cinco derrotas do MDB não serviram de lição aos cardeais Iris Rezende e Maguito Vilela. Em 2018, preferiram pagar para ver, lançando o jovem Daniel Vilela ao governo de Goiás, filho de Maguito. Apesar de três mandatos eletivos – vereador em Goiânia, deputado estadual e federal, Daniel não conseguiu se impor junto ao eleitorado goiano e foi vencido, desta vez, não pelo PSDB de José Eliton, mas pelo DEM de Ronaldo Caiado. E pior: assistindo a dissidência do MDB no palanque caiadista.
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