Os desaparecidos políticos nas urnas
Diário da Manhã
Publicado em 11 de outubro de 2018 às 03:35 | Atualizado há 1 semanaO resultado das eleições do último domingo não foram muito boas para os gestores de Aparecida de Goiânia. Pela primeira vez, desde a redemocratização, o município fica sem um representante na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Os candidatos apoiados pelo prefeito Gustavo Mendanha (MDB) não tiveram sucesso nas disputas ao governo do Estado, Câmara Federal e Senado.
Mendanha atuou firmemente pela candidatura do deputado federal Daniel Vilela (MDB), o candidato, no entanto, foi derrotado no município pelo senador Ronaldo Caiado (DEM). Esta é a primeira vez que o PMDB/MDB perde uma eleição de governador em Aparecida. Desde a eleição de Iris Rezende em 1982,e até mesmo nas derrotas de 1998, 2002, 2010 e 2014 para Marconi Perillo, o emedista nunca perdeu uma eleição. No fechamento das urnas no último domingo, Ronaldo Caiado (DEM), que venceu na cidade com 86.762 votos (43,64%), Daniel Vilela (MDB) foi o segundo com 71,814 votos (36,12%), ficando à frente apenas de Kátia Maria (PT), 20.311 votos (10,22%) e do governador Zé Eliton (PSDB),que recebeu 16.762 votos (8,43%).
DISPUTA
Na disputa pelo Senado, o prefeito foi feliz no apoio a Vanderlan Cardoso (PP), que foi o mais votado com 153.904 votos (40,95%), mas o segundo candidato, Agenor Mariano (MDB), recebeu apenas 24.073 votos (6,40%). Dona Iris, candidata oficial do MDB para Câmara Federal no município foi apenas a 12ª mais votada (4.075), enquanto o mais votado, o Professor Alcides Ribeiro (PP), teve 32.975 votos.
Para completar o quadro, pela primeira vez Aparecida de Goiânia ficou sem um deputado federal. Todos os antecessores de Gustavo Mendanha elegeram representantes ao Legislativo Estadual. O ex-vereador e ex-secretário municipal Max Menezes foi o mais votado do município, ele recebeu 21.020 votos em Aparecida de Goiânia e 30.386 na votação geral, e embora tenha ficado à frente de outros deputados que foram eleitos, como por exemplo, o deputado tucano Gustavo Sebba (29.286), não obteve legenda para assegurar sua cadeira no Legislativo Goiano. Ex-deputado e ex-vice-prefeito Ozair José (MDB) também não logrou êxito. Em 2014, ele tentou o retorno à Alego, porém teve apenas 13.984 votos, nesta nova tentativa chegou a 15.009, dos mais 10.780 em Aparecida de Goiânia. O vereador Gleison Flávio (MDB) totalizou 4.729 votos, sendo 3.417 no município.
Deputado estadual no segundo mandato, Marlúcio Pereira trocou o PTB pelo PRB, que fez coligação com o MDB, mas não viabilizou a sua terceira eleição. Ele que em 2014 recebeu 30.957 viu sua votação ser reduzida a 19.759 votos, dos quais, 13.373 em Aparecida de Goiânia. Outro representante de Aparecida de Goiânia, o ex-vice-prefeito Tanner de Melo (PRTB) alcançou a soma de 8.471 (4.746 no município), votos que foram insuficientes para receber o diploma de deputado estadual.
HISTÓRICO
Todos prefeitos aparecidenses garantiram um representante para o município na Assembleia Legislativa. O prefeito Norberto Teixeira (1983- 1986/1993-1996) levou para a Alego Sebastião Viana, que foi deputado estadual entre 1987 a 1988, quando se elegeu prefeito (1989-1992) e elegeu Norberto estadual (1991-1992). Outra vez prefeito em 1992, Noberto garantiu em 1994 a eleição para Assembleia Legislativa de Liosmar Mendanha (PMDB), o Leo Mendanha (pai de Gustavo), nesta mesma época Sandro Mabel (PMDB) também chegou ao Legislativo.
Em 1998, Ademir Menezes era o prefeito, Norberto foi eleito deputado federal e Leo Medanha reeleito na Assembleia Legislativa, ficando o vice-prefeito Ozair José na suplência. Na eleição seguinte, em 2002, Francisco Abreu pela base do prefeito e Ozair José pela oposição foram para Assembleia Legislativa e Sandro Mabel para a Câmara Federal. Na eleição seguinte, 2006, Ademir Menezes foi eleito vice-governador, Chico Abreu foi primeiro suplente de deputado federal, Marlúcio Pereira eleito estadual e Ozair reeleito. Em 2010, Ademir em oposição à prefeitura garantiu eleição para Assembleia e Daniel Vilela representou o município na Alego, com apoio do pai, o prefeito Maguito Vilela. Finalmente em 2014 Marlúcio Pereira retomou mandato na Casa de Leis do Estado e Daniel Vilela foi eleito federal.
A única boa notícia foi a eleição do Professor Alcides Ribeiro, o educador, que é dono da Faculdade Alfredo Nasser, foi eleito com 88.545 votos deputado federal e será o representante do município na Câmara dos Deputados.
DEMOCRACIA
Desde a volta da democracia em 1982, Aparecida de Goiânia sempre elegeu deputados estaduais e federais para representar o município. Noberto Teixeira (PMDB), eleito prefeito para o mandato de 1983 a 1988 ajudou em 1986 a eleger Sebastião Viana (PMDB) para a Alego. Ele ficou no mandato até 1988, quando o sucedeu na prefeitura para o período de 1989 a 1992. Tião Viana, por sua vez, retribuiu e contribuiu para eleição Noberto Teixeira para deputado estadual em 1990, e também trabalhou em 1992 para volta do próprio Norberto à prefeitura.
Noberto Teixeira por sua vez apoiou a eleição de Liosmar Mendanha, o Leo Mendanha, que garantiu mandato em 1994, na eleição em que Maguito Vilela chegou ao governo do Estado. Em 1996, Ademir Menezes sucedeu Norberto (PMDB), que foi eleito em 1998 deputado federal em dobradinha com Leo Mendanha, estadual. O vice-prefeito Ozair José (PMDB) ficou na primeira suplência.
No seu segundo mandato (2001- 2004), Francisco Abreu (PFL), o Chico Abreu, que havia sido vice de Norberto e secretário estadual foi eleito deputado estadual, juntamente com o vereador e ex-secretário de Cultura Marlúcio Pereira. Embora não estivesse na base do prefeito, o deputado Ozair José foi reeleito no espírito de uma política defendida por Ademir de incentivar os aparecidenses a votarem em candidatos do município.
Após o final de sua gestão em 2004, Ademir conseguiu fazer o seu sucessor, o vereador José Macedo (PR). Em 2006, Ademir que se filiou ao PR, foi eleito vice-governador na chapa de Alcides Rodrigues (PP) e ajudou na reeleição de Marlúcio Pereira na Assembleia Legislativa e Chico Abreu à Câmara Federal. Chico ficou na suplência, mas assumiu o mandato em 2007 com a ascensão do titular,Roberto Balestra (PP) á condição de secretário extraordinário no governo de Alcides.
Em 2008, o ex-governador Maguito Vilela (PMDB) foi eleito para o primeiro mandato em Aparecida de Goiânia. Dois anos depois, o seu filho, Daniel Vilela (PMDB), que era vereador em Goiânia, conquistou votos para representar o município na Assembleia Legislativa. Marlúcio Pereira, na oposição, ficou na suplência, mas voltaria a ser eleito em 2014.
Aparecida de Goiânia, portanto, sempre teve dois e por alguns momentos até três deputados estaduais, e sempre garantiu representação no Congresso Nacional, seja nos mandatos de Noberto Teixeira ou Chico Abreu, ou através do empresário Sandro Mabel, cuja empresa do ramo alimentício, a Bolachas Mabel, tem sede no município. Mabel teve uma passagem na Assembleia Legislativa (1991- 1994) e três como deputado federal nas legislaturas de 1995 a 1999; 2003 a 2007 e 2007 a 2011.
REPRESENTANTE
A ausência de um representante no Legislativo Goiano pode representar dificuldades para a administração de Gustavo Mendanha, considerando ainda que o candidato a governador de seu partido, o MDB, o deputado federal Daniel Vilela (MDB) tinha como uma das principais bases o município. Daniel foi o segundo mais votado em Aparecida de Goiânia, com 71,814 votos (36,12%), ficando à frente de Kátia Maria(PT), 20.311 votos (10,22%) e do governador Zé Eliton (PSDB),que recebeu 16.762 votos (8,43%). Daniel, porém, ficou atrás de Ronaldo Caiado (DEM), que venceu na cidade com 86.762 votos (43,64%). As votações para o Legislativo e para o Governo do Estado servem no mínimo de alerta para a administração de Gustavo Mendanha e paraoMDBdeAparecida, quenunca perdeu nenhuma eleição para deputado estadual e para governador no município: Marconi nunca ganhou em Aparecida em nenhuma das quatro vezes que foi eleito governador.
]]>