“Vamos propor a Caiado um plano emergencial contra o feminicídio”
Diário da Manhã
Publicado em 26 de outubro de 2018 às 00:13 | Atualizado há 6 anosGrávida de sete meses, a delegada Adriana Accorsi (PT) embala no ventre Helena, que deve nascer no final do ano. Será a sua segunda filha, e o seu maior desejo é que Helena cresça num mundo melhor para as meninas. Ela diz isto porque se preocupa com o crescimento da violência contra a mulher em Goiás. O Estado é o segundo em feminicídio (assassinato de mulheres) e pode caminhar para o primeiro lugar.
Entrevistada por Rubens Salomão e Cileide Alves no programa Manhã Sagres, da Rádio Sagres (730 AM), Adriana Accorsi revela que recebeu telefonema do governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) e que pretende apresentar a ele um plano emergencial para o combate ao feminicídio em Goiás.
A petista esclarece que a bancada do partido fará oposição a Caiado, mas sem radicalismo. “Assim como fomos uma oposição responsável aos governos de Marconi Perillo e Zé Eliton, do PSDB, também faremos ao governo de Ronaldo Caiado. Entendemos que ele foi eleito de maneira legítima, mas temos as nossas posições, que foram bem colocadas pela nossa candidata Kátia Maria e faremos esta oposição responsável e propositiva”, informa.
FEMINICÍDIO
Mais votada entre os deputados em Goiânia e a mulher com maior número de votos em todo o Estado, Adriana diz que as mulheres estão preocupadas com o aumento da violência e a discriminação no Estado, por isso pretende apresentar um relatório pormenorizado com os números da violência contra a mulher e propor um plano emergencial Ronaldo Caiado nos primeiros dias de seu governo.
“ P r e c i s a m o s emergencialmente fortalecer as estruturas de combate ao crime de violência contra a mulher e o feminicídio, dando melhores condições de trabalho às delegacias da mulher. Precisamos de criar mais abrigo para as mulheres ameaçadas e os seus filhos menores. Os abrigos são pouquíssimos, precisamos também de centros de referência com advogados, médicos, psicólogos, e ao mesmo tempo precisamos de medidas que mudem essa cultura machista, que é muito arraigada, e é o que move esta violência”, frisa. “Precisamos de campanha de conscientização para mudar esta cultura”, ressalta
Segundo Adriana Accorsi, a Lei Maria da Penha trouxe avanços, possibilitando à polícia e a Justiça agirem com mais rigor, mas é preciso que se melhore a estrutura. Ela alerta que não basta dizer para as mulheres fazerem a denúncia se as delegacias da mulher estão somente em menos de 10% dos municípios de Goiás, e elas não têm a estrutura física e de pessoal adequadas para atender a todos os casos. “E sabemos que a maioria dos casos nem chega às delegacias”, pontua.
DEMOCRACIA
Presidenta do PT em Goiânia, Adriana Accorsi avalia que o seu partido manteve espaço enquanto outras legendas tradicionais como o PSDB e MDB encolheram no Estado e na capital. Ela reputa às fake News (notícias falsas) e o abuso de poder econômico o avanço do ex-capitão Jair Bolsonaro (PSL) ao segundo turno das eleições. No seu entendimento, no próximo domingo, a disputa não será entre um candidato de centro-esquerda e um de extrema-direita, mas a escolha entre a democracia e a ditadura.
“Diferente do primeiro turno, não estamos entre uma candidatura de centro-esquerda e uma de extrema-direita, mas entre aqueles que defendem a Constituição Federal, o direito dos trabalhadores, das empregadas domésticas, da previdência pública, que estão ao lado do professor Fernando Haddad; e aqueles que defendem o corte nos direitos sociais, a privatização de todas as empresas estatais, inclusive o fim do ensino gratuito nas universidades federais. Haddad foi para o segundo turno, mas fosse Ciro Gomes quem estivesse disputando a eleição nós estaríamos também com ele em favor da democracia. A candidatura de Haddad congrega em si as forças que defendem a democracia como o Guilherme Boulos a ex-ministra Marina Silva, o ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-ministro Ciro Gomes. Portanto, são forças que não são apenas de esquerda que estão apoiando Haddad contra o Bolsonaro e todo o retrocesso autoritário que ele representa. O eleitor vai escolher entre continuarmos a ser um país democrático ou o retorno da ditadura”, alerta.
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