Politica

Vanderlan defende união em favor de Goiás

Diário da Manhã

Publicado em 12 de outubro de 2018 às 03:45 | Atualizado há 6 anos

Primeiro colocado na dis­puta pelo Senado, Vander­lan Cardoso (PP) pretende atuar pela reforma tributária as­sim que for empossado no Sena­do da República. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o senador eleito disse que a carga tributária penaliza os mais pobres e que é preciso estabelecer limites a tri­butação e a unificação tributária entre os Estados. Ele cita como exemplo o imposto dos combustí­veis que representa 53% do preço da gasolina. “Se o imposto for re­duzido aumenta o consumo, o ci­dadão que mal está abastecendo pode completar o tanque, a roda gira, a economia volta a crescer”, prevê. Vanderlan comentou o epi­sódio da campanha onde sofreu ataques do também senador elei­to Jorge Kajuru (PRP).

Ele avalia que no Senado ele terá que exercitar parcimônia e decoro nos comentários. “O Brasil e Goiás passam por dificuldades, são oito anos no Senado, o povo brasileiro precisa de cidadãos lú­cidos para fazer reformas que o país necessita. Então eu espero que ele mude a postura dentro do Seando porque ele teve uma vota­ção boa, 1,5 milhão de votos. En­tão ele precisa honrar esses votos que teve”, frisa. Vanderlan defende a união da classe política em fa­vor de Goiás e do Brasil. Diz que o momento é grave e exige a con­vergência de esforços para tirar o Estado e o País da crise.

 

ÍNTEGRA DA ENTREVISTA

 

O senhor quebrou uma sequência de várias derrotas nas urnas. Qual sua avaliação?

Acho que tudo tem um mo­mento certo. Acho que esse foi o momento que Deus escolheu para que a gente fosse vencedor. Mas nas outras eleições que partici­pei, duas eleições mais pesadas, foram seis eleições com esta: ga­nhei três e perdi três. Mas nas ou­tras eu não me considero um per­dedor. Eu sai de Senador Canedo, mais conhecido só ali, e fui para uma eleição a nível estadual, ti­vemos mais meio milhão de vo­tos, fiquei bem conhecido já. Em 2014, da mesma forma e depois a eleição em Goiânia. Tudo isso contribuiu para que a gente ti­vesse essa vitória agora nas ur­nas. Então, Deus sabe de todas as coisas, não sou de ficar recla­mando nem colocando culpa em ninguém quando vem alguma der­rota. Aliás, eu procurei aprender com os erros para que na próxi­ma a gente possa aperfeiçoar e errar menos.

Se tivesse sido saído candidato a governador agora, rivalizaria com Ronaldo Caiado. Por que não?

Eu acho que não era o mo­mento. O momento agora era mais propício ao Ronaldo, em­bora que meu candidato ao go­verno, Daniel Vilela, um pouco desconhecido, não teve um tem­po adequado para o pessoal co­nhecê-lo melhor, suas ideias, seus projetos. E o eleitor também não olha muito isso, plano de gover­no, essas coisas.

A decisão é emocional?

É emocional, no calor da emo­ção. Mas o interessante é que nes­tas eleições houve um prestar aten­ção nisso. Quando você pega as propostas que nós apresentamos, eu vi muitas pessoas chegando em mim e dizendo: Olha, Vanderlan, suas propostas das reformas, a quebra desses monopólios, embo­ra sejam disfarçados, mas são mo­nopólios, para a geração de em­prego e renda, o que ficou muito marcado, você vai trabalhar mui­to para a geração de emprego e renda, vai defender muito o tra­balhador. Então, olhou muito as nossas propostas. Pelo que acon­teceu também você vê que houve uma mudança radical. Dizer que o eleitor não estava observando, muita gente se enganou com isso.

Essa foi a eleição mais marcante?

A primeira eleição que dis­putei a prefeito de Senador Ca­nedo foi muito marcante para mim. Foi a primeira, não tinha experiência política e naque­la eleição a população me re­cebeu tão bem, ela marcou mui­to, foi emocionante. Esta também foi porque a gente já vinha des­sas derrotas, embora que eu tiro lições de todas as derrotas. Mas não é bom… Quem falar que é bom perder está mentindo, é um senti­mento que você fica… Então, essa eleição acho que a gente lavou a alma, com essa votação em pri­meiro lugar.

Durante a campanha você foi acusado de roubo. Você fará algo ou deixará como está?

Eu já fiz. Eu acho que fiz a me­lhor resposta. Primeiro não res­pondi da forma agressiva como o senador eleito fez. Eu respondi explicando passo a passo a minha vida. Não é qualquer candidato que pode fazer isso. O interessan­te é que quando ele diz que eu fui contador em Iporá, eu teria feito uma proeza muito grande por­que sai de Iporá com nove para dez anos de idade. E ele confun­diu Rondônia com Roraima. Eu morei foi em Roraima, são qua­se dois mil quilômetros de distân­cia. E a história que ele inventou… Ele é um artista, a gente tem que reconhecer isso. As histórias que ele inventa e coloca, eu não sou formado em Ciências Contábeis, eu nunca fiz Contabilidade. Na verdade, eu não tenho curso su­perior nenhum. Meu curso foi o que a vida me ensinou, só tenho o segundo grau completo. Não te­nho porque dizer que tenho isso ou aquilo, que sou formado nisso ou naquilo, é a minha experiência da vida. Mas eu já formei muitas pessoas através da nossa empre­sa. Não é meu perfil de fazer cam­panha denegrindo a imagem dos outros. Eu sou um pai de família, tenho filhos, funcionários, tenho uma história, todos sabem como eu comecei, e expliquei bem na­quele vídeo. Você não pode, em hipótese alguma, partir para esse lado para tentar ganhar votos com isso. Para ele pode até ter dado certo, porque quem elegeu esse cidadão, quem foi? O ex-gover­nador Marconi Perillo. A única bandeira que ele tinha era atacar o ex-governador. E ele achou que dando certo, partiria para cima de todos. Estou vendo ele agredir tantas pessoas, companheiros de chapa, como o governador elei­to, Wilder Morais, que são pes­soas de bem.

O senhor acionará a Justiça?

Já entrei. Mas eu acho que virou tão folclórico o caso des­se cidadão que o eleitor diz: “Ah, ele é doido mesmo”. Ninguém está acreditando mais no que ele está falando, porque é tanta menti­ra. Do fundo do meu coração, o Brasil e Goiás passam por tan­tas dificuldades, são oito anos ali no Senado, o povo brasileiro precisa de cidadãos lúcidos para fazer as reformas que o país ne­cessita. Então, eu espero que ele mude a postura dentro do Sena­do porque ele teve uma votação muito boa, 1,5 milhão de votos, se não me engano, então ele pre­cisa honrar esses votos que teve. E para honrar os votos, ele pre­cisa ajudar o nosso país, nosso Estado de Goiás. Pode ter gente que gosta das acusações, desse modo que ele fala, ele xinga pas­tores, padres, então ele tem que honrar de que forma? Olha, nós temos reformas para fazer, va­mos defender, entendeu? O Esta­do de Goiás passa por dificulda­des, o que faremos para ajudar o novo governador? O que eu pos­so fazer? Eu acho que é isso que o povo espera dele.

A vitória de Jorge Kajuru foi uma derrota para Goiás?

Eu acho que ele foi eleito por­que o povo acreditou nele. Então, se acreditou nele, ele tem que honrar isso. Porque do contrário, ele fica­rá oito anos lá e, talvez não fique isso porque a Casa é severa, mas o povo de Goiás, com tanta difi­culdade que passamos e vamos passar, não vai pensar que foi eleito um governador agora para ele fazer as mudan­ças que precisam, o remé­dio será amargo, não será brincadeira, se ele quiser ti­rar o Estado da condição que está. Tem que deixar a paixão partidária agora de lado e todos juntos para aju­dar o Estado de Goiás, ajudar o Brasil. Quando eu falo Bra­sil, não adianta a gente melho­rar o Estado de Goiás e o Brasil estar afundado. O Brasil é segu­rado até hoje pelo agronegócio.

Como será a conversa entre os três senadores que vão representar Goiás?

Da minha parte, eu não te­nho que ficar discutindo. Eu sem­pre levei (o debate) a um alto ní­vel. Eu defendo ideias, projetos. Questão pessoal eu nunca entrei e não vou entrar. Então, eu acho que ele vai mudar tanto a postura dele quando chegar lá. Eu espero que daqui a pouco tempo os goia­nos não estejam arrependidos de terem votados nem nele nem em mim. Temos que dar exemplos ali.

Já há uma possibilidade de aliança política com Ronaldo Caiado?

Desdeoiníciovocênãomeviufa­zendo oposição. Eu defendi a can­didatura do meu candidato, Da­niel Vilela. O governador eleito do Estado de Goiás, agora é o go­vernador de todos. Nem eu nem o partido temos pretensão de fa­zer oposição só por fazer oposi­ção. Agora, vai depender de cada partido.

Isso também dependerá de Ronaldo Caiado?

Creio que pela entrevista que Ronaldo Caiado e pelo que ele já falou durante a campanha, sua postura, muita gente estranhou Ronaldo, até acharam que esta­vam dando tranquilizante para ele. Mas ele soube levar até o final da eleição a postura que teve. En­tão, acredito que ele vai procurar a união de todos para ajudar o Estado de Goiás. Isso é o que eu espero, que a postura continue dessa forma. Porque se não hou­ver uma união de todos, pode ter certeza que será muito difícil, a médio prazo, nem é a curto pra­zo, o Estado sair das condições fiscais que está.

O que o senhor pretende fazer pelo bem do Estado como senador da República?

Eu apresentei, por exemplo, chegar lá firme em cima das re­formas. A tributária, por exemplo, não é só uma questão do Estado de Goiás, mas do Brasil inteiro. A reforma tributária precisa ter regras claras, essa questão de cada estado ter seu código tributário e com as armadi­lhas que tem dentro do có­digo para fechar e punir as empresas, porque é huma­namente impossível a em­presa que atua em mais de um Estado ficar atenta a essas armadilhas.

O senhor defende uma unificação do Código Tributário?

Sim, issotemqueacon­tecer. A gente fica fa­lando em país desenvolvido sem ter uma política clara e tributá­ria… Ter hoje em Goiás uma le­gislação e vai para Brasília, que é do lado, tem outra, você chega ao Mato Grosso e é outra. Isso é humanamente impossível, falar em país que queira crescer, que queira ser primeiro mundo des­sa forma. Isso é uma maneira ar­caica tributária que nós temos.

A taxa de isenção do Imposto de Renda está com mais de 80% defasada. Qual sua avaliação?

Quando eu falo sobre refor­ma tributária, quem é mais pre­judicado pelos altos impostos não são os empresários, é a classe tra­balhadora. Cada R$ 1 mil de sa­lário do trabalhador, R$ 330 é de imposto, sendo que a gasolina tem 53% de imposto. Quando eu falo de uma reforma tributária é, por exemplo, limitar o ICMS para os Estados, que seja no máximo 20%, o que já é absurdo. Hoje no Esta­do de Goiás é 32%. Se limitarmos em 20% nos Estados, 9,25% de im­postos federais, que é o normal em quase toda mercadoria. Nos combustíveis é um assalto, hoje é 53% na gasolina. Aí abaixa para 30%, conforme esta limitação. “Ah, como os Estados e municípios vão fazer?”. Vão vender mais. O cida­dão que hoje está quase chegando ao posto e diz: Coloca meio litro de gasolina para mim porque eu quero ir só até a próxima esqui­na, vai chegar lá e dizer: Coloca dez litros para mim. Entendeu? O Estado arrecada mais, o mu­nicípio arrecada mais e a roda gira. Terá mais emprego, a Pe­trobras terá concorrência, por­que hoje é um monopólio disfar­çado, tem que ter concorrência.

O senhor é a favor do fim do monopólio da Petrobras?

Eu sou contra qualquer mo­nopólio, do gás, do combustível, da energia, tudo que tenha a mão do governo, que está mandan­do e está desse jeito, é o mais caro do mundo. Vou ci­tar um exemplo: a nos­sa empresa gasta um númeroenormedegás por mês. Nós saímos de um custo de gás de R$ 1,90 o qui­lo para R$ 4,60 o quilo, no perío­do de 14 meses.

 

Foram seis eleições com esta: ganhei três e perdi três. Mas nas outras eu não me considero um perdedor” Eu sempre levei (o debate) a um alto nível. Eu defendo ideias, projetos. Questão pessoal eu nunca entrei e não vou entrar” Acredito que Caiado vai procurar a união de todos para ajudar o Estado de Goiás. Isso é o que eu espero, que a postura continue dessa forma” A reforma tributária precisa ter regras claras, essa questão de cada Estado ter seu código tributário e com as armadilhas que tem dentro do código para fechar e punir as empresas, porque é humanamente impossível a empresa que atua em mais de um Estado ficar atenta a essas armadilhas”   Não respondi da forma agressiva como o senador eleito fez (acusação de Kajuru de que praticara roubo). Eu respondi explicando passo a passo a minha vida. Não é qualquer candidato que pode fazer isso”
]]>

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

últimas
notícias