Politica

Vereadores foram surpreender. E foram surpreendidos

Hélio Lemes da Silva Filho

Publicado em 27 de dezembro de 2017 às 01:06 | Atualizado há 2 semanas

Os integrantes da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Saúde, que apuram ques­tões que envolvem a prestação de serviços aos usuários do Sistema Úni­co da Saúde (SUS) de Goiânia têm, rotineiramente, percorrido pelas uni­dades da cidade. E no último domin­go, por exemplo, não foi diferente: vereadores “invadiram” os Centros de Atenção Integrada à Saúde (Cais) e não levaram em consideração os riscos à saúde dos pacientes.

Ao percorrer uma unidade de saúdes em, no mínimo, Equipamen­to de Proteção Individual(EPI), os ve­readores podem causar sérios danos ao tratamento daqueles que buscam as unidades básicas. Além da expo­sição de pacientes em situação vul­nerável, os vereadores, muitas vezes acompanhados por profissionais da imprensa, causam tumulto, geram poluição sonora e visual.

Outro ponto muito importante e que os parlamentares goianienses ignoram é a possibilidade de ocor­rências de infecções hospitalares. Além dos índices de casos no Brasil estão na média, a comunidade, so­bretudo, os vereadores podem aju­dar para que os números sejam ze­rados tomando cuidados básicos ao entrar em unidades de saúde. No Brasil, por exemplo, conforme a Agência Nacional de Vigilância Sa­nitária (Anvisa), os índices de infec­ções hospitalar variam de 5% a 15%.

As mãos, conforme a Anvisa, são um dos principais meios de trans­missão das infecções. Fato total­mente ignorados pelos parlamen­tares de Goiânia, uma vez, que eles não comunicam previamente a Se­cretaria Municipal de Saúde (SMS) da capital goiana e solicitam os me­canismos legais em vigilância para adentrarem nas unidades. Isso por­que coagem e constrangem os servi­dores, devido ao aparato que mon­tado para realização das “visitas”.

SORRATEIRA

Mas deixando de lado o caso que é meramente político, os ve­readores agem de forma sorrateira. No caso deste domingo, por exem­plo, Clécio Alves (PMDB), Elias Vaz (PSB), Cristina Lopes (PSDB) e Jorge Kajuru (PRP) deram de cara com a secretária municipal de Saúde, Fá­tima Mrué, que percorria as unida­des com o intuito de conferir o an­damento dos atendimentos, o que é feito por ela de forma rotineira.Sur­presos com a presença de Fátima Mrué, no trabalho, em uma unida­de, em pleno domingo, véspera de Natal, os vereadores ficaram em si­tuação desconfortável.

Além disso, um ponto ignorado pelos vereadores que sempre são atendidos pela titular da SMS, está em implantação um novo sistema que tem como objetivo a redução de filas para marcação de exames, bem como o controle de todo es­toque de medicamentos evitando, assim, faltas pontuais em algumas unidades, como foi apurado por al­guns vereadores.

Eoquestionamentoquerealmen­te fica no ar é onde os integrantes da CEIdaSaúdequeremchegaroumes­moquemelesquerematingir? Levan­doemconsideraçãoque, quandofa­lamemfiscalização, nãofiscalizamas unidades, mas sim fiscalizam médi­cos e os colocam como vilões.

Ainda sim, os problemas na área da Saúde não são de hoje e os mes­mos vereadores que atualmente participam de “blitzes” nos Cais são, há anos, parlamentares e nunca fi­zeram tal ação, que passa a ser ques­tionada pelo o fato de uma baixa ou quase nula apresentação de proje­tos que poderiam auxiliar no me­lhoramento do atendimento aos usuários do SUS. Caso em Goiânia que um tanto quanto mais comple­xo. A Capital, que tem 1,4 milhão de habitantes, atende em média cin­co vezes mais de sua capacidade.

“QUATRO VISITAS”

De acordo com o relator da Co­missão, o vereador Elias Vaz (PSB), foram “visitadas” quatro unidades, entre ela o Cais de Campinas e o Cais do bairro Goiá.

Neste último, de acordo com a vereadora Dra. Cristina (PSDB), pa­cientes foram encaminhados por falta de médicos. “Na unidade do bairro Goiá, identificamos apenas um plantonista que atende apenas duas faixas de emergência, ou seja, apenascasosmaisgraves. Quemesti­ver passando mal, por exemplo, não seráatendido”, acrescentouElias Vaz.

Segundo ele, mesmo com o re­cesso parlamentar, as diligências de­vem continuar no mês de janeiro. Além disso, os vereadores devem ca­talogar durante o período os mate­riais que foram recebidos até então.

O Plenário da Câmara Municipal de Goiânia aprovou, semana passa­da, requerimento do vereador Clé­cio Alves (PMDB) pedindo a prorro­gação da CEI da Saúde por mais 90 idas.. O vereador foi também o au­tor da proposta de criação da CEI e preside os trabalhos.

“TUMULTO”

Procurada, a Secretaria Munici­pal de Saúde de Goiânia (SMS) la­mentou o “tumulto” causado pelas visitas dos vereadores às unidades de saúde e justificou que os Cais são “pré-hospitais”, feitos para pres­tar o primeiro atendimento e ava­liar a necessidade de transferência dos pacientes mais graves.

 

Confira trecho da nota resposta:

“A Secretaria Municipal de Saú­de lamenta que os vereadores esco­lham um pré-hospital (Cais são uni­dades de transferência de pacientes para unidades de alta complexida­de) para as visitas da Comissão Espe­cial de Inquérito. Além de tumulto, poluição sonora e visual, a CEI pode levar contaminação a locais como os setores de Reanimação e inter­nação, onde pacientes lutam pela vida e, muitas vezes, se encontram desnudos e segm condições de serem filmados e fotografados.”

 

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