Câncer de pulmão é considerado o mais comum e pode ser evitado
Diário da Manhã
Publicado em 14 de dezembro de 2017 às 01:48 | Atualizado há 2 semanasResponsáveis pela respiração, tornando possíveis as trocas gasosas entre o ambiente e o sangue, os pulmões são de grande importância para o ser humano. Sem eles, a vida não é possível. Por isso, todos os cuidados devem ser tomados para não danificá-los, principalmente se o descuido pode gerar doenças, como o câncer.
Uma das principais causas de mortes no Brasil, com 28.220 casos em 2016, ele é o câncer que mais mata homens e é o segundo entre as mulheres. Considerado o mais comum entre os tumores malignos, ele está diretamente associado ao consumo do tabaco e na qualidade do ar. De acordo com dados da ONG Instituto Oncoguia, apenas 15% das pessoas que morrem pela doença não fumam, sendo a poluição responsável por 16%.
Esse dado explica por que o índice da doença aumentou nas grandes cidades do mundo, mesmo com o declínio do tabagismo. Contudo, mesmo o ar poluído sendo um dos causadores, o cigarro ainda é a causa majoritária da enfermidade, com 85% dos casos.
Segundo a diretora e presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag, viver em São Paulo equivale a fumar quatro cigarros por dia. E, devido a poluição, o paulista vive 1,5 ano da sua vida a menos. “Infelizmente a qualidade do ar no Brasil não é boa. O ar passou a ser líder ambiental para os riscos em saúde”.
Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que cerca de três milhões de mortes por ano estão relacionadas à exposição à poluição do ar. Em 2012, estimou-se que 6,5 milhões de mortes estavam associadas à poluição. Quase 90% das mortes relacionadas à poluição do ar ocorrem em países de baixa e média renda; duas em cada três acontecem no Sudeste Asiático e no Pacífico Ocidental.
CIGARRO
4 mil produtos químicos, 60 deles já identificados como tumorigênicos. O risco de se adquirir uma doença é proporcional ao número de cigarros fumados por dia e o tempo como fumante. A população que não fuma, mas que é exposta à fumaça de cigarro, também pode adquirir as mesmas doenças que um fumante ativo. E a história familiar de câncer de pulmão e fibrose pulmonar também aumenta o risco.
Os cigarros light, de corda ou de palha, narguilê, charuto e cachimbo são outras formas de fumo igualmente maléficas e podem causar o câncer no pulmão. As doenças pulmonares como tuberculose ou doença pulmonar obstrutiva crônica são doenças que também podem levar ao câncer.
São mais de um bilhão de fumantes no mundo e mais de 5 milhões de mortes por ano. Só no Brasil morrem 147 mil fumantes por ano, o tratamento de 15 doenças relacionadas ao tabaco custa R$ 23 bilhões aos cofres públicos. De acordo com a coordenadora do Programa Controle do Tabagismo do Instituto Nacional de Câncer (Inca), Sandra Marques, 428 pessoas morrem todos os dias. “A intenção é acabar com o tabagismo de vez”, diz.
A Global Lung Cancer Coalition (GLCC), uma aliança de organizações de pacientes comprometida com a conscientização e melhoria dos resultados no combate ao câncer de pulmão, realizou uma pesquisa em 25 países, entre eles o Brasil, Estados Unidos, França e Alemanha. Os números revelam falta de informação e estigma em relação ao câncer de pulmão. A pesquisa concluiu que metade dos brasileiros sequer consegue citar um sintoma do câncer de pulmão. O sintomas mais conhecidos são a falta de ar, tosse e dor torácica.
O câncer de pulmão vem se tornando uma realidade em todo mundo. A melhor forma de prevenção é não fumar. Quanto à poluição, existem campanhas para sensibilizar a população do quão é importante preservar o meio ambiente e com isso aumentar a qualidade de vida. É importante ainda que as pessoas observem os sintomas e que vão ao médico realizar exames de rotina, para não serem pegas de surpresa.
SUPERAÇÃO
A dor oncológica pode influenciar em todas as atividades diárias, mas a dor pode ser tratada e o momento superado. Iane Cardim, 48 anos, foi diagnosticada com câncer de pulmão em 2015. Foram cinco meses até chegar a conclusão de que estava com adenocarcinoma de pulmão. Dentre os diagnósticos estavam tosse, virose, sinusite alérgica, enquanto quadro continuava se agravando. Mais tarde, a confirmação da doença. “Eu passei por vários especialistas, tive dificuldades de um diagnóstico preciso, mas hoje eu vivo bem ”, relata.
Foram meses de tratamento, radioterapia, quimioterapia, e Iane conseguiu controlar o câncer. Reconhece que todo o sufoco que passou, foi devido ao cigarro. Hoje tem uma vida sem sofrimento devido a disciplina e paciência com a doença.
Instituto orienta e apoia pacientes com câncer
A ONG Instituto Oncoguia foi fundada em 2009 por um grupo de profissionais de saúde e ex-pacientes de câncer, liderados pela psico-oncologista Luciana Holtz de C. Barros. Dessa união nasceu uma associação sem fins lucrativos, criada e idealizada com o objetivo de ajudar o paciente com câncer a viver melhor por meio de projetos e ações de informação de qualidade, educação em saúde, apoio e orientação ao paciente e defesa de direitos.
Como estrutura central do trabalho da ONG está o portal Oncoguia. Lançado em 2003 com a missão de levar informações úteis de qualidade para pacientes, o site traz dicas de qualidade de vida para as pessoas que estão enfrentando o diagnóstico e o tratamento de um câncer. Com o crescimento de acessos, Luciana percebeu a necessidade de ampliá-lo, abraçando outras frentes e novas formas de atuação.
“Todo o trabalho do Instituto Oncoguia está inserido num contexto muito desafiante e dolorido, pois apesar de não termos no Brasil um programa adequado para registro de casos de câncer, sabemos que anualmente quase 600 mil pessoas recebem o diagnóstico e aproximadamente 40% já descobrem o câncer em estágios avançados. Outro dado muito sério é que não sabemos quantos são os pacientes que convivem com a doença, além de enfrentarmos problemas básicos como o alto grau de desinformação e preconceito da população, e questões urgentes e complexas, como a dificuldade no acesso a atendimentos médicos, exames e tratamentos tanto padrões, quanto modernos e de alto custo disponíveis somente para uma pequena e exclusiva parcela da população. Hoje, podemos afirmar com raríssimas exceções que: “o câncer está na fila de espera no Brasil e que precisa urgentemente ser mais priorizado”, conta.
“Promover acesso é prioridade no mundo do câncer! E estamos falando de acesso à informação de qualidade, a detecção precoce, a tratamentos rápidos e de qualidade e também a qualidade de vida.”
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