Sexo na gravidez pode?
Diário da Manhã
Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 23:18 | Atualizado há 2 semanasA gestação pode ser um período difícil na vida de uma mulher. Apesar de existirem livros e cartilhas que indicam a melhor forma de agir durante esse período, na prática a situação é diferente e muitas mães e pais acabam tendo dúvidas sobre o que pode e o que não pode fazer durante a gravidez. As transformações do corpo, os hormônios que fazem das emoções uma montanha-russa e os diversos mitos que acabam sendo considerados como dicas para as mamães mais desavisadas. Entre essas dúvidas está a prática sexual durante os meses de gravidez. Muitos mitos e mentiras giram em torno dessa prática e médicos especializados tentam desmistificar o sexo na gravidez, mostrando que o ato pode ser saudável tanto para a mulher quanto para o bebê.
As lendas e mitos sobre o sexo na gravidez acontecem por conta da influência religiosa. Tendo em vista que boa parte das sociedades foi criada a partir do culto religioso, e também que muitos desses dogmas colocam a mulher em segundo plano, condicionadas ao olhar severo das pessoas. Desta forma, somos educados para olhar as grávidas de maneira puritana e imaculada, como se ao engravidar a mulher deixasse de ser mulher e se tornasse um mero “recipiente”. É necessário acabar com esses vícios e perceber que uma mulher gestante não só tem vida sexual ativa como, no geral, precisam desse aspecto da sua rotina, independente das mudanças corporais.
Em cidades do interior do Brasil, os mitos envolvendo sexo durante a gestação podem parecer ridículos para alguns, mas ainda são considerados reais por muitas mães e gestantes. O principal deles é que, ao penetrar a mulher, o homem poderia acabar atingindo o feto, o que de fato não acontece. “Muitos casais ainda têm receio de fazer sexo durante a gestação. No entanto, se for uma gravidez normal, sem complicações ou riscos, o sexo é seguro, liberado e também recomendado. Muitas pesquisas já mostraram que as relações sexuais são bem-vindas na gravidez, tanto fisicamente quanto emocionalmente”, diz o ginecologista Renato Oliveira.
PODE? DEVE!
A maioria dos médicos especialistas em ginecologia afirma que o sexo pode ser um fator positivo para a grávida quando do momento do parto. “Do ponto de vista médico, podemos garantir que não existe a menor possibilidade de esse contato acontecer”, tranquiliza Alberto d’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. “A penetração se restringe à cavidade vaginal. Entre ela e o bebê ainda existe o colo do útero, com aproximadamente 6 cm de espessura. Além disso, o tamanho da barriga da gestante pode reduzir a penetração em até 30%”, conclui. O médico também analisa, de uma maneira mais psicológica, que o medo masculino de machucar o neném ou de receber uma “mordida” se assemelha às angústias e medos que os homens carregam. “Existem algumas fantasias masculinas em que a cavidade vaginal significa um túnel desconhecido e, durante a gravidez, essa fantasia se intensifica”, conta o médico Alberto d’Auria.
Outro mito que é frequentemente questionado para os médicos é o de que, ao gozar dentro da mulher, de alguma maneira o feto poderia ser atingido pela ejaculação. O médico ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana assistida e gestação de alto risco, Fábio Cabar, diz que isso é fisicamente impossível. “O sêmen jamais, sob nenhuma hipótese, penetra no saco amniótico, onde poderia causar algum mal ao bebê”, conta.
MAIS TESÃO
Entre os mitos mais comuns está o de que a grávida sente mais tesão durante os dias de gravidez. Quanto a esse fator, os médicos têm posições diversas e não confirmam e nem negam essa possibilidade. O médico Fábio Cabar afirma que as gestantes têm sim um aumento na libido, porém o médico Alberto d’Auria afirma que isso não é exatamente uma regra. “Cada mulher reage de uma maneira. Mas, por causa da produção de progesterona, a libido da gestante tende a cair. Em cerca de 10% das mulheres, o aumento da lubrificação e da circulação sanguínea deixa a vulva mais inchada, podendo proporcionar orgasmos de maior intensidade”, avalia d’Auria.
Aliás, os médicos apontam que o inchaço da vulva se trata apenas de uma das mudanças anatômicas sofridas pelas mulheres durante a gravidez. Essa mudança pode alterar o modo como ela fará sexo com seu parceiro ou parceira durante os próximos nove meses. Fábio Cabar explica que, além do óbvio crescimento da barriga, a vagina também sofre modificações, a fim de ficar mais umedecida e edemaciada, além de ganhar mais sensibilidade, o que no final das contas facilita a relação sexual.
Cinco benefícios do sexo durante a gestação
Cinco benefícios do sexo durante a gestação pelo médico Renato Oliveira, responsável pela área de reprodução humana da Criogênesis:
Fortalece os músculos do períneo – ter relações sexuais durante a gravidez fortalece os músculos do períneo – que são essenciais na hora do parto.
Traz benefícios emocionais – durante gravidez, o corpo passa por diversas transformações e a gestante por muitas emoções, o que pode aumentar a tensão e o nervosismo. Dessa forma, além de renovar o vínculo do casal, manter a vida sexual ativa traz à mãe mais segurança e autoestima.
Previne a pré-eclâmpsia – estudo realizado na Universidade de Adelaide, na Austrália, revelou que mulheres que têm relações sexuais pelo menos três meses antes de parir apresentam menores riscos de desenvolver pré-eclâmpsia (hipertensão gestacional). De acordo com os pesquisadores, o fluído seminal do homem contém pequenas moléculas que induzem o sistema imunológico da mulher fazendo com que a implantação do embrião no útero e a formação da placenta ocorram de maneira saudável.
Aumenta o prazer – na gestação a lubrificação da vagina aumenta, assim como o volume de sangue do organismo, o que deixa o corpo mais sensível à excitação. Esses fatores deixam as relações íntimas mais prazerosas e ampliam a quantidade e a qualidade dos orgasmos.
Não machuca o bebê – o feto não é prejudicado com o ato sexual, pois a membrana protetora que sela a cervix ajuda a protegê-lo. Além disso, o saco amniótico e a musculatura uterina também o protegem. Durante um orgasmo, por exemplo, o bebê pode mexer-se mais vezes, devido ao fato da mãe sentir-se bem e, consequentemente, o mesmo acontece com o bebê.
MELHORES POSIÇÕES PARA GRÁVIDAS:
Papai e mamãe – a posição clássica
O homem fica por cima da mulher deitada. O homem fica apoiado com os braços ao lado da mulher, com a preocupação de não pressionar demais o abdômen da grávida. A posição é indicada quando a barriga ainda está pequena, quase imperceptível. “Com o homem por cima, existe uma pressão sobre a barriga que pode se tornar desconfortável ao longo da gestação”, afirma a ginecologista Bárbara Murayama, da Clínica Gergin. O homem deve realizar o maior esforço na hora do sexo, enquanto a grávida preocupa-se em evitar movimentos exagerados e que gerem algum tipo de machucado.
Os dois de pé
Homem e mulher estão de pé. A mulher se apoia na parede e tem as pernas elevadas pelo homem. A barriga da mulher deve estar pequena. “No primeiro trimestre, quando a grávida não tem muitas queixas de náuseas e vômitos, a vida continua normal e ainda é possível arriscar os movimentos favoritos do casal”, afirma a ginecologista. A barriga discreta permite posições mais ousadas, como esta em pé. Mas é importante tomar muito cuidado com o risco de quedas, já que agora a mulher está mais sensível.
Colher ou conchinha
Homem e mulher ficam deitados de lado. A barriga já está com uma circunferência maior e fica apoiada na cama. Importante: os dois estão deitados do lado esquerdo (por causa da veia cava, que fica do lado direito e precisa estar livre de pressão para transportar sangue ao bebê). “Como a barriga começa a pesar, as posições em que a grávida fica apoiada na cama tornam-se as mais confortáveis a partir do quinto mês”, afirma a ginecologista e obstetra Vera Fonseca, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
Cachorrinho
A mulher fica de quatro sobre a cama. O homem de joelhos fica atrás dela e a segura pelos quadris. “As posições em que há penetração vaginal por trás são naturalmente menos controladas pela mulher, por isso, é importante que o homem seja muito delicado e respeite o corpo e a sensibilidade da grávida”, afirma o sexologista Jorge José Serapião. A regra número um para posições deste tipo é ter liberdade e confiança no parceiro, avisando ao menor sinal de incômodo. A posição ‘cachorrinho’ é boa por deixar o esforço físico por conta do parceiro, preservando o prazer intenso para o casal.
FONTE: SITE MINHA VIDA
]]>